domingo, 11 de dezembro de 2011

sábio chinês

Que ditado?
Tinha um chinês que possuía uma fazendinha pequena, a mulher, o filho e um cavalo. Um dia o filho sai para galopar, desce para dar um mergulho no rio e o cavalo some. Ele volta dizendo: "Pô, pai, perdi o cavalo, que azar!". O chinês fala: "Vamos ver, we will see". No outro dia, o filho sai para passear e acaba encontrando sete garanhões maravilhosos. A vila toda vem olhar: "Que sorte!". E o chinês: "Vamos ver, we'll see". No outro dia, tentando domar um dos garanhões, o filho cai e se quebra inteiro. Fica de cama, todo fodido. De novo, a vila diz: "Ah, que azar". E o chinês: "É, vamos ver, we'll see". Dali a duas semanas aparece um general recrutando os filhos de todo o mundo para o exército - só o do chinês fica em casa porque está machucado. E a vila: "Ah, que sorte!". E o chinês: "We'll see" [risos]. A vida é assim. Muitas vezes as coisas acontecem e a gente tem uma visão parcial, vê só o momento. Tem que se distanciar, ver de cima, e perceber as novas viradas da maré.

* da entrevista com a Maria Paula na Trip;

"Seja Vereador"

Há uns dois meses fui no seminário Seja Vereador do PSD na sede do Instituto Novas Ideias para o Rio de Janeiro, do Indio da Costa (que foi o vice de Serra na última campanha à presidência da República), no centro da capital fluminense. O Partido Social Democrático (PSD) é um dos mais novos partidos políticos do Brasil (o 28º, de acordo com essa matéria da Piauí). Capitaneado pelo Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, o grupo se diz de centro e desde que foi criado anda propalando que tem como principal objetivo a criação de uma nova Constituinte, o que algumas pessoas consideram perigoso.

Obviamente, não fui o único a ir ao curso com fins jornalísticos (como se pode ver na matéria da Piauí e nessa do Estadão). Durante o seminário, fiz algumas anotações (que acho que perdi na última mudança ) de casa. Mas ainda me lembrava de algumas coisas faladas naquele dia e como tinha algumas dúvidas mandei um e-mail para a UERJ que me colocou em contato com o aluno do doutorado em Ciência Política Giliard Gomes Tenório da instituição. Segue a troca de e-mail que a gente fez sobre o assunto:

Oi Gilliard, tudo bom? Estou com uma dúvida sobre quociente eleitoral nas eleições para vereador. Queria entender o cálculo usado para eleger um vereador. Pode me dar uma ajuda?

Olá Francisco! A boa notícia é que o cálculo do quociente ou coeficiente eleitoral é o mais simples de todo o processo de eleição para vereador.

O coeficiente eleitoral é aquele mínimo de votos que um partido ou coligação tem que conseguir para eleger um vereador. Portanto, é o total de votos válidos, dividido pelo número de vereadores da cidade. Ou seja, é o número de pessoas que efetivamente votaram, dividido pelo número de cargos em disputa.

Por exemplo. No Rio de Janeiro, são 54 vereadores, correto. Segundo o TRE, votaram na eleição para vereador de 2008 quase 3,8 milhões de eleitores (estou arrendondando para facilitar o cálculo). Assim:

3.800.000/54 = 70.370,37

Assim, é preciso que o partido/coligação receba pelo menos 70.371 votos para eleger pelo menos um vereador.

Após este cálculo, outras duas contas têm que ser feitas para se saber exatamente qual o número de cadeiras cada partido/coligação vai receber. Se necessitar, posso tentar explicar isso para você depois.

Contudo, o que é preciso ficar claro é que, se o partido/coligação não recebeu aquele mínimo de votos (ou seja, não alcançou o coeficiente eleitoral), ele sequer vai participar destes outros cálculos.

É isso. Se precisar de algo mais, avise.

Oi, obrigado pela resposta. Fiz a pergunta porque estive no seminário Seja Vereador e lá falaram que queriam X (acho que 20) candidatos a vereador que conseguissem captar pelo menos 3.500 votos (acho que o número é esse). Dessa forma, queriam eleger pelo menos 7 vereadores nessas eleições. É possível fazer essa conta (pelo vi que, com essa conta só elegeriam 1 vereador)?

1. Cada partido pode lançar qtos vereadores?
2. Para conseguir 7 vereadores nessas próximas eleições o PSD teria que ter pelo menos 49 mil votos (levando em conta que serão 3,8 milhões de eleitores de novo), certo?

Não sou candidato nem nada, só queria entender algumas coisas que eles falaram no seminário.

Olá. Pois é, achei essa conta sugerida pelo PSD bem errada. 20 candidatos com 3500 votos dá 70 mil, menos do que o coeficiente. Um detalhe. Os partidos costumam atrair pequenos candidatos, de baixa votação, apenas para aumentar os votos do partido/coligação. Isso porque eles tem os chamados "puxadores de voto", com alta votação. O primeiro acaba ajudando a eleger o segundo. Assim, esses pequenos candidatos são "enganados" com promessas de se eleger, sendo que na verdade estão ajudando a eleger outros.

Supondo que o número de votos válidos vá continuar o mesmo, podemos supor que para eleger 7 vereadores será necessário algo em torno desses 49 mil votos sim. As outras regras costumam mudar um pouco essa conta. Vale a pena conferir se algum partido/coligação elegeu esse número de vereadores e ver qual foi a votação obtida.

Sobre as outras perguntas, cada partido pode lançar uma vez e meia (1,5) candidatos sobre o número de vereadores. Ou seja, no caso do Rio, 54 x 1,5 = 81 candidatos. Já coligações podem lançar duas vezes o número de cadeiras. No caso do Rio, 43 x 2 = 108 candidatos.

Dei uma pesquisada, olhe este link...

Você vai ver na tabela. O DEM conseguiu em torno de 476 mil votos, e elegeu 8 vereadores (59,5 mil votos para eleger cada pessoa). Já o PSDC precisou de 82 mil votos para eleger apenas um. Isso deve servir de parâmetro para entender aquele caso do PSD. Para este cálculo, é preciso somar os votos de legenda e nominais para alcançar o total do partido.

Dê uma olhada também aqui.
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A explicação do Gilliard serviu para confirmar algumas das suspeitas que tive durante o seminário: a de que queriam "puxadores de votos locais" pra alavancar alguns políticos do núcleo do partido. E isso deve acontecer em todos os partidos políticos (e eu que não sabia). Também vi que a maioria dos participantes do seminário era homem (só tinha uma ou duas mulheres) e branco. Uns já tinham envolvimento político anterior (eram de alguma igreja e já tinham se envolvido na campanha de alguma outra pessoa) enquanto outros tavam lá por idealismo (um queria levar o violão para as praças públicas e conquistar eleitores cantando as ideias e propostas).

Como em uma sala de aula, alguns fizeram questão de se sentar na frente, perto do "professor", e por isso recebiam atenção especial dele. Uns poucos faziam questão de participar do seminário, com observações e perguntas (seja para mostrar que sabiam, seja só para pontuar alguma coisa), e outros só observavam, como em uma aula normal. Uns eram cínicos e outros tinham vontade real de "fazer a diferença".

Com a explicação entendi algumas das questões sobre eleições mas ainda acho a "matemática da coisa" um pouco complicada, podendo mudar o tempo todo. Mas ela me ajudou a perceber que muitos partidos (senão todos) adotam uma postura mais pragmática em relação às eleições (para puxar mais votos), enquanto outros (imagino os mais de esquerda) adotam o idealismo dando tempos iguais para quem quiser "expôr as ideias"(o que também pode ajudar a puxar votos para o candidato ou legenda). Não sei se é bem assim, mas é a impressão que tive do seminário e de partidos políticos em geral.

A entrada do seminário custava R$ 10, que contou com um pequeno coffee break. Os palestrantes foram o Paulo Cerri (ex-DEM, assim como o Índio da Costa) e um cara que acho que era ex-vice prefeito do Cesar Maia. O Indio da Costa estava em Brasília porque no dia ia ser anunciado se o registro do PSD ia ser liberado ou não – e quando foi liberado, ele ligou pro Cerri que avisou a todos presentes, que aplaudiram o ocorrido. Durante o seminário eles deram várias dicas de como conseguir votos:

1) o trabalho do candidato começa vários meses antes do começo da eleição, com a elaboração de propostas, o envolvimento com a comunidade e a arregimentação de cabos políticos;
2) nunca usar dinheiro próprio na eleição (sempre doações);
3) definir a área de atuação durante as eleições e a sede da campanha;

Teve muito mais coisa que não me lembro agora. Caso as pessoas quisessem continuar com as aulas, teriam que se filiar ao PSD, o que não fiz. Quando o seminário, teve gente que ficou lá para discutir as ideias com os palestrantes, outros, como eu, foram direto para casa. No caminho, ouvi alguns reclamando e criticando o seminário. "Que palhaçada!", "Que pouca vergonha!", "Só ensinarem truques pra ganhar votos!" e coisas do tipo para baixo, o que não concordei muito. Acho que foi uma boa experiência porque tinha aprendido algumas coisas do processo eleitoral brasileiro (e só por R$ 10), o que foi bacana.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

we, the people

Nós criamos causas e condições. Somos os produtores, os atores, os diretores, os roteiristas desse grande espetáculo que é a nossa vida, a vida do planeta, do universo, de tudo o que existe. Quando cada um de nós atua no melhor de seu potencial – não de qualquer jeito, mas fazendo o que é correto, fazendo o seu melhor; não para dizer que somos o bom, mas o melhor para que todos possam se manifestar no melhor de seu potencial –, contribuímos para uma vida de harmonia, beleza, ternura, amor. O importante não é o que ganhamos, mas com o que podemos contribuir. Isso é a transformação.

* tirado daqui.