domingo, 8 de dezembro de 2013

Documentário: The Hidden Beauty of a Walmart Store

brendan oconnell - heinz no walmart

"Vejo um poeta inspirado em Coca-Cola. Que poesia mais estranha ele iria expressar?", já perguntava Raul Seixas em Movido a Álcool. Nos EUA, um artista plástico chamado Brendan O'Connel vem pintando o dia a dia dos frequentadores da mega rede de supermercados Walmart. O tema inusitado para as pinturas chamou atenção de uma galera, que realizou um documentário sobre ele.

Nessa matéria do The Atlantic tem mais informações sobre o artista e a proposta dele. Aqui você pode ver e comprar alguns dos quadros dele. Segue um trecho da entrevista com o documentarista:

Sua própria perspectiva de fazer compras mudou desde que fez o filme?

Nos encontramos pensando "como elevar os momentos do nosso dia a dia em atos de beleza" mais frequentemente. Quando estamos em uma drogaria atrás de uma pasta de dentes, é menos uma coisa entediante e mais algo da nossa experiência diária. Se deixarmos esses momentos se tornarem mundanos, eles se perderão no caminho. Comprar pasta de dente ainda não é algo que amamos, mas não é mais algo que nos chateia. na verdade pode ser algo bacana.

Se ficou curioso, aqui está o documentário:

sábado, 30 de novembro de 2013

Cartola e Dona Zica, no pé do morro da Mangueira, em 1975

[caption id="attachment_1046" align="aligncenter" width="600"]dona Zica e Cartola, no morro da Mangueira, em 1975. Foto tirada por Antonio Carlos Miguel. Retirada daqui: http://g1.globo.com/musica/antonio-carlos-miguel/platb/2013/11/02/dentro-da-periferia/ dona Zica e Cartola, no morro da Mangueira, em 1975. Foto tirada por Antonio Carlos Miguel. Retirada daqui: http://g1.globo.com/musica/antonio-carlos-miguel/platb/2013/11/02/dentro-da-periferia/[/caption]

A Foto sensacional foi retirada daqui. Não pedi permissão ao autor, mas dei os créditos. Aqui e aqui tem dois textos meus baseados na biografia do sambista da Mangueira.

sábado, 23 de novembro de 2013

Cartas de rejeição da Marvel pro Jim Lee

Eu sigo alguns tumblrs sobre quadrinhos que volta e meia aparecem com algumas novidades e desencavam coisas bem bacanas que nós, os leitores, não vemos muito no nosso dia a dia. Dia desses o tumblr (que nego chama de tâmblr, mas eu falo tUmblr mesmo) The Marvel Age of Comics publicou uma carta de admissão do Jim Lee à editora do Homem-Aranha e três cartas de rejeição, com dicas para ele melhorar o trabalho. Bem bacana.

A história, como vocês devem saber, tem um final feliz. Aqui um pouco da história da admissão do Jim Lee no mundo dos quadrinhos. Segue uma carta de admissão do Jim Lee para a Marvel:
Jim Lee 01
"Dear Mr Potts,

Enclosed are the six pencilled pages and the layouts for the story "Double Vision." I followed my original layouts (with your revisions (no pun intended) for the most part. I also re-read the section on the continuity in the "Five C's" and corrected some of my earlier oversights (action flow, etc).

On page three, I removed the first panel because it crosse the "action axis" I had established, and because it slowed down the pace in an inappropiate spot in the plot (one of great urgency). Instead, I changed the layout to focus more on the panel in which the Vision disrupts two terrorists because of the action's dramatic quality. Futhermore, I used the elongated size of the panel to show the characters in relationship to one another spatially. I also added another thin panel (number three) to show clearly how the Vision dispatches the head terrorist.

On page four, I added one panel (number two) which I felt heightened the tension of the head terrorist's subsequent actions and showed the Vision's detachment from the old woman's plight: the Vision is definitely more concerned with subduing the terrorists.

On page five, panel one, I raised "the camera" because my original layout overlooked the fact that most of the seats on the plane were filled with passengers! Anyway, the new angle helps to place the new relative positions of all the characters and the grenade blast.

All other changes were made to correct action flow inconsistencies. Overall, I spent one day per page, spending one additional day doing re-reading and research for the story. I hope they are satisfactory; if there are any problems or if anything has to be re-drawn, I'd be more than happy to do it. I look forward to your reactions and criticisms. I found this assignment challenging and have learned a lot doing it. Take care and happy holidays.

Sincerely,
Jim Lee"


Em português (traduzido rapidamente e com alguma revisão rápida):
"Caro Sr. Potts,

Em anexo estão os seis páginas à lápis e os layouts para a história "Double Vision". Para a maior parte, segui meus layouts originais (com suas revisões (sem trocadilhos)). Eu também refiz a seção sobre a continuidade nos "Cinco Cs" e corrigi alguns dos meus descuidos anteriores (fluxo de ação, etc).

Na página três, eu removi o primeiro painel, pois cruzou os "eixos de ação" que eu havia estabelecido anteriormente porque isso abrandou o ritmo em um local inapropriado na trama (um de grande urgência). Em vez disso, mudei o layout para se concentrar mais no painel em que o Visão pega dois terroristas por causa da qualidade dramática da ação. Além disso, eu usei o grande tamanho do painel para mostrar espacialmente a relação de um personagem com outro. Eu também adicionei um outro painel fino (número três) para mostrar claramente como a Visão despacha o terrorista principal.

Na página quatro, eu adicionei um painel (número dois) que eu senti que aumentava a tensão das ações subseqüentes do terrorista líder e mostrou desprendimento da visão do sofrimento da velha senhora: o Visão está definitivamente mais preocupado em subjugar os terroristas.

Na página cinco, painel um, eu levantei "a câmera", porque o meu layout original ignorou o fato de que a maioria dos lugares no avião estavam cheios de passageiros! De qualquer forma, o novo ângulo ajudou a colocar as novas posições de todos os personagens e a explosão das granadas.

Todas as outras alterações foram feitas para corrigir inconsistências de fluxo de ação. No geral, eu demorei um dia por página, gastando um dia adicional para fazer re-leitura e pesquisa para a história. Espero que eles estejam satisfatórios; se houver algum problema ou se alguma coisa tiver que ser re-desenhada, eu ficaria mais do que feliz em refazer. Estou ansioso para suas reações e críticas. Eu achei esta tarefa desafiadora e aprendi muito fazendo isso. Se cuide e boas festas.

Atenciosamente,
Jim Lee."


Agora seguem algumas das negações dos editores:
Jim Lee 04
"Dear Mr. Lee,

Your sense of design and storytelling abilities are quite good. However, your figures tend to be stiff, and unrealistic. This is not helpe on the two pages where you have inked over your pencils. I suggest that you draw from live models, esp. for faces, hands, and proportions, and that you learn how to place figures in perspective. Also study how cloth folds and wrinkles, how metal reflects, how leather shines, etc., and then learn to translate that into your pencils. You have a lot of work ahead of you before you are ready to pencil for a company such as Marvel, but when you see some improvement, you are welcome to resubmit.

Best of luck,
Howard A. Mackie
Submissions Editor"


"Caro Sr. Lee,

Seu senso de design e sua habilidade de contar histórias são muito bons. No entanto, seus personagens tendem a ser duros e pouco realistas. Isto não ajuda nas duas páginas onde você arte-finalizou com o seu lápis. Eu sugiro que você desenhe a partir de modelos vivos, especialmente para rostos, mãos e proporções, e que você aprenda como colocar personagens em perspectiva. Também estude como panos dobram e enrugam, como metal reflete, como couro brilha, etc, e, em seguida, aprenda a traduzir isso em seus lápis. Você tem um monte de trabalho pela frente antes que você esteja pronto para desenhar para uma empresa como a Marvel. Mas quando você sentir alguma melhora, está convidado a reenviar (seu trabalho).

Boa sorte,
Howard A. Mackie
Editor de Submissões"


Jim Lee 03
"Hi there,

We looked your submission over carefully, just as we said we would, and we're very sorry to tell you that your work doesn' suit our particular standards. No one knows better than we do how much effort goes into a submission like yours, and we really appreciate your time, and most of all, your interest in the comics field.

We regret that we do not have the time to individually criticize the work submitted to us. We do know that to make progress you must work hard and be tough on yourself.

Best,
Howard Mackie
Submissions Editor"


"Olá,

Olhamos seu material com cuidado, assim como dissemos que faríamos, e sentimos muito lhe dizer que o seu trabalho não atende nossos padrões. Ninguém sabe melhor do que nós o esforço empregado em uma submissão como a sua, e nós realmente apreciamos o seu tempo, e, acima de tudo, o seu interesse na área de quadrinhos.

Lamentamos que não temos tempo para criticar individualmente o trabalho apresentado para nós. Nós sabemos que para progredir é preciso trabalhar duro e ser duro com você mesmo.

Atenciosamente,
Howard Mackie
Editor de Submissões"

Jim Lee 02
"Dear Mr. Lee,

Your work looks as if it were done by four different people. Your best pencils are on page 7, panel with agents (lower left corner), and close up of face. The rest of the pencils are of much weaker quality. the same can be said for your inking.

Resubmit when your work is consistent and when you have learned to draw hands.

Best,
Eliot R. Brown
Submssions Editor"


Em português:
"Caro Sr. Lee,

Seu trabalho parece como se tivesse sido feito por quatro pessoas diferentes. Seus melhores lápis estão na página 7, no painel com agentes (canto inferior esquerdo), e nos closes do roto. O restante dos lápis tem qualidade muito inferior. O mesmo pode ser dito para a sua arte-finalização.

Atenciosamente,
Eliot R. Brown
Editor de Submissões"


E, finalmente, uma carta de admissão:
Jim Lee 05
"Hello Jim,

Enclosed are your Alpha layouts with my notes for changes on them. Also enclosed is a shot of Omega Flight. In flashback scenes, use the original visuals the characters in questions appeared in as your guide. Cody, thought, should look as he does in his more recent appearances.

The book is due on Monday, Jan 26th, so you should Federal Express it on Saturday, Jan. 24th. Give a call if you run into any trouble.

Give Purple Girl a black leather jacket for any outdoor scenes.

That's it! Work hard!

* I might be able to squeeze a bitmore time out of (Bill) Mantlo script time for you but I have to know soon if that's the case. I don't want to get a call out (?) the 23 saying you need more time at that late date!"


Em português:
"Olá Jim,

Envio seus layouts do Alpha com minhas anotações para as mudanças necessárias. Também envio uma parte de Omega Flight. Nas cenas de flashback, use o visual dos personagens originais conforme aparecem em seu guia. Cody, porém, deve ter um visual mais recente, como ele vem aparecendo.

O livro será publicado na segunda-feira 26 de janeiro, então você deve enviar pela Federal Express até sábado, 24 de janeiro. Me ligue se tiver qualquer problema.

Dê a Purple Girl uma jaqueta de couro preto para todas as cenas ao ar livre.

É isso aí! Trabalhe duro!

* Eu poderia ser capaz de conseguir um pouco mais de tempo de (Bill) Mantlo, mas tenho que saber logo se é esse o caso. Eu não quero receber uma ligação no dia 23 dizendo que você precisa de mais tempo!"


A cara se referia a essa edição de Omega Flight. Segundo essa biografia, o Jim Lee estudava psicologia quando resolveu se envolver com desenhos em quadrinhos. Ele chegou a se formar, mas decidiu seguir pelo caminho da nona arte. Eu ouvi falar que ele era entregador de pizza nos EUA quando foi aceito para trabalhar na Marvel.

PS: Aparentemente era por aqui que ele morava na época que foi contratado.

**
Além das coisas bacanas do The Marvel Age of Comics, outro tumblr bem bacana é o do Brian Michael Bendis, que volta e meia responde as perguntas dos leitores e volta e meia reblogueia coisas legais da internet afora. Pode ver algumas coisas aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

domingo, 17 de novembro de 2013

Palestra de Andrew Jennings sobre a Fifa

No final de outubro assisti uma palestra do jornalista escocês Andrew Jennings no Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, no centro da cidade, sobre o modus operandi quase mafioso da Fifa. Jennings escreveu o livro Jogo Sujo, onde destrincha um pouco os negócios escusos da federação de futebol, CBF e afins. Ele estava na cidade para a 8a Conferência Global de Jornalismo Investigativo.

Cheguei atrasado e não assisti tudo. Perdi a participação de Carlos Vainer, professor titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional/UFRJ (que falou sobre como as grandes corporações se instalam nos territórios através dos grandes eventos esportivos) e Gustavo Mehl, militante do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas (falou sobre a campanha contra a privatização do Maracanã e como a Copa do Mundo descaracterizará a torcida brasileira). Um dos pontos bacanas do debate foi quando perceberam dois funcionários da Fifa entre os ouvintes. Eles foram reconhecidos pelo próprio Andrew Jennings e, no final, rebateram algumas das acusações do jornalistas e deram a própria versão sobre o funcionamento da Fifa.

Segue o debate na íntegra, para quem quiser conferir:


Seguem algumas das coisas que rolaram na participação do Andrew Jennings que ainda me lembro.

Ele falou de como a Fifa é uma empresa privada, como se hierarquiza internamente - cerca de 50% dos funcionários sabem o que rola lá dentro e os outros 50% ignoram "as coisas erradas do lugar e só seguem com a própria vida e criam os próprios filhos" - e como alguns vão galgando as posições até chegarem ao topo do ranking da corporação. Falou sobre politicagem interna e a diretoria, composta pelos presidentes das 209 associadas, como a CBF, que mandam e desmandam em tudo.

Acima dessa diretoria está o presidente. Andrew Jennings falou como algumas das reportagens que ele fez ajudou a derrubar o Ricardo Teixeira (cliquem no Ricardo e no Teixeira para perceberem a diferença entre os artigos da Wikipedia em inglês e português), que era o mais provável substituto do Blatter. Ele falou que o nome de Teixeira não era unânime na cúpula. Acho que o Jennings deu a entender que as falcatruas do Teixeira foi soprada para ele por um dos desafetos do ex-dirigente da CBF.

O jornalista falou da vida de luxo de Blatter, que ganha, dentre outras coisas, um "ajuda de custo" de 500 euros por cada dia que passa fora da Suíça, onde fica a sede da Fifa, viajando. Essa ajuda de custo é quase um salário extra, porque Blatter viaja constantemente como forma de manter esse rendimento extra. São cerca 15 mil euros ou R$ 45 mil extras por mês. Ele falou de como a Fifa impõe uma série de investimentos aos países escolhidos para sediar uma Copa do Mundo. Investimentos pagos com o dinheiro do contribuinte daquela nação. Do ponto de vista exposto por Jennings, o modus operandi da Fifa é quase como uma Máfia, forçando governos públicos a realizarem investimentos que serão revertidos eventualmente para o lucro de uma empresa privada. Pelo que entendi, durante a palestra ele só sobrevoou alguns dos temas que abordou no livro.

Ele comentou como a Fifa consegue ultrapassar a soberania de algumas nações, como é o caso da Lei da Copa, que revogou a proibição de álcool nos estádios brasileiros de futebol. O jornalista também comentou a escolha do Catar para sediara  Copa do Mundo de 2022, o que ele considerou um erro por conta do calor registrado no País durante o verão. Hoje, a Fifa já considera mudar o calendário do campeonato para o inverno. Ele não falou nada, ou não sabia, sobre as acusações de trabalho escravo nas obras do Catar. Jennings lembrou das remoções forçadas da população de baixa renda para as obras da Copa do Mundo, como aconteceu na África do Sul, e do risco de elitização dos espectadores do torneio. Eu ia perguntar a ele a questão dos preços dos ingressos, que são mais baratos daqueles praticados na África do Sul, mas na hora não consegui ou achei pertinente perguntar outras coisas.

A platéia era toda composta de jornalistas, estudantes ou "engajados". Tinha gente com camisas do Comitê Popular da Copa do Mundo, um ex-colega de trabalho, gente com crianças e muito mais. Fiquei curioso para saber um pouco mais das tramóias da Fifa, mas também fiquei um pouco decepcionado. Pelo que Jennings falou, tudo lá rola em torno de dinheiro. Achei um pouco bobo. Fiquei curioso para saber se rolava alguma coisa a mais, se almejavam mais do que dinheiro e o que seria isso... mas comecei a viajar em forças ocultas e tudo mais e achei melhor ficar quieto. Só parece que esses caras da cúpula do futebol fazem um trabalho danado só para ganhar uma boa dinheirama. E nem é garantido conseguir essa renda toda no final. Se o negócio é só dinheiro, talvez fosse melhor se prestassem concurso para serviço público. Deve dar menos trabalho.

Andrew Jennings falou também do trabalho dele, de como é ajudado por alguns funcionários da própria Fifa preocupados com o futebol. Disse que uma dessas fontes, um fanático por futebol, não pensa em vir para o Brasil por conta dos altos preços dos hotéis e das passagens de avião, que atingirão patamares estratosféricos época da Copa. E o cara é um viciado em futebol. Tem tudo de futebol, conhece todas as estatísticas, vê os jogos mais obscuros e tudo mais. Essas fontes, além de municiar o escocês com informações internas, também divulgam alguns balanços e informações financeiras para ele.

No final, o jornalista conclamou o povo a ir protestar sem violência no pré-lançamento da Copa do Mundo, em São Paulo, há duas semanas do início oficial dos eventos. Ele disse e repetiu que não é para ninguém atuar com violência. Não é para revidar as agressões da polícia pois "a imprensa do mundo inteiro estará de olho no Brasil e ela poderá ver como é a atuação do Estado nessas manifestações". Ele também conclamou um boicote pacífico aos patrocinadores da Copa do Mundo (o McDonald's, o Itaú, etc).

[caption id="attachment_1028" align="aligncenter" width="800"]Brasília - O jornalista da British Broadcasting Corporation (BBC) de Londres, Andrew Jennings, autor do livro, Jogo Sujo - O Mundo Secreto da Fifa, durante audiência pública na Comissão de Educação do Senado, sobre as revelações feitas no livro Brasília - O jornalista da British Broadcasting Corporation (BBC) de Londres, Andrew Jennings, autor do livro, Jogo Sujo - O Mundo Secreto da Fifa, durante audiência pública na Comissão de Educação do Senado, sobre as revelações feitas no livro[/caption]

Depois disso, os dois caras da Fifa que assistiam a palestra foram à frente e falaram um pouco. Disseram que estavam com pouco tempo (a palestra atrasou em meia hora), tinham pouco tempo para "mostrar o outro lado". O trabalho deles consiste em viajar pelas cidades-sede no Brasil e falar um pouco sobre o que é o trabalho da Federação e o alcance das ações deles, para tentar acalmar os ânimos da população e reverter um pouco a imagem negativa que a Fifa possui.

Falaram que Jennings não pegou "todo o quadro" da Fifa, que a a Copa do Mundo estava custando cerca de US$ 2 bilhões (não lembro o valor certo) para a Fifa - ao que o Gustavo Mehl, do Comitê Popular da Copa gritou que era mentira, que  só o Maracanã havia custado R$ 1 bilhão.  Os membros da Federação, dois ingleses, frisaram "U$ 2 bilhões para a Fifa". Desse total, US$ 1 bilhão e poucos serão investidos no futebol de base no Brasil e parece que os US$ 1 bilhão restantes serão gastos com o próprio pessoal da Fifa durante a Copa. Não lembro direito.

Respondendo uma pergunta da plateia, disseram a Fifa esperava lucrar (acho que) US$ 4,3 bilhões com a Copa do Mundo no Brasil, o mesmo lucro que obteve na África do Sul. Disseram que o lucro obtido com a Copa do Mundo no Brasil ia ser usado para financiar outras 20 Copas do Mundo futuramente. Eu não entendi essa matemática financeira deles. Falaram também que o dinheiro arrecadado é usado para financiar os times de base das 209 associadas da Fifa. E essa é uma questão a ser acompanhada de perto tanto pelos governos, pela imprensa, pelos comitês populares e sociedade em geral.

Eles reconheceram que há corrupção nas relações entre a Fifa e os governos, o que me deixou surpreso, mas meio que jogaram a "culpa" em cima dos países interessados em sedia os torneios. "A Fifa não obriga ninguém a sediar uma Copa do Mundo". Eles disseram que se mostravam abertos a um convite do Sindicato dos Jornalistas para voltarem lá e falar um pouco sobre o ponto de vista da Fifa sobre o campeonato, ao que o Carlos Vainer começou a gritar e exigir que o Comitê Popular também fosse convidado para participar do pré-lançamento da Copa do Mundo em São Paulo. Um deles perguntou porque o Vainer estava sendo tão agressivo. Eles disseram que iam levar a demanda para os superiores deles. Depois de um tempo foram embora. Durante a fala dos caras, uma das meninas da plateia jogou uma bola de papel neles, o que foi rechaçado por todas as outras pessoas. No final, uma galera vaiou eles. Eu não peguei o nome dos caras e não acho que serão convidados para apresentar "o outro lado".

Depois abriram as perguntas para a plateia. Como de costume em todos os eventos, nego mais discursou do que fez perguntas ao principal convidado. Uma representante do grupo LGBT reclamou dos preços das passagens de avião e dos hotéis na época da Copa do Mundo. Outro falou da Aldeia Maracanã, situada no antigo Museu do Índio que virou ponto de resistência de uma galera mais engajada nas manifestações. O cara, que pra mim tinha uma cara triste, falou de como os manifestantes e os índios botaram o nome do Sérgio Cabral "na boca do sapo" e desde então a popularidade do governador caiu a números inimagináveis até pouco tempo atrás. Ele ameaçou colocar o nome do Eduardo Paes e da Dilma também na boca do sapo. Nego bateu palmas em apoio.

Quando acabou a palestra eu fui lá tentar falar com o Andrew Jennings. Se não tivessem falado que ele era escocês, daria pra adivinhar a nacionalidade dele só pelo tamanho das suíças do cara. Esperei uma senhora com uns alunos da Escola Municipal Friedenreich falar com ele. Ela agradeceu a palestra e falou do caso da escola, que não foi removida por conta das manifestações. A escola ia virar lugar de aquecimento para os atletas da Copa. Uma galera foi falar com ele depois disso.

Aproveitei uma brecha e perguntei como é que ele consegue as informações internas da Fifa. Ao que ele respondeu "que fez o que todo bom jornalista faz: construiu uma rede de contatos". Mas fiquei insatisfeito e queria que ele explicasse mais. Ele então falou que durante um evento esportivo, começou a  fazer perguntas incômodas sobre a Fifa. Foi aí então que um dos funcionários procurou ele e começou a divulgar as informações. "Eu chamei a briga para mim", disse. "Então você levantou uma bandeira para percebessem você?", perguntei. "É mais ou menos isso", concluiu. Eu queria perguntar mais coisas, mas já estava tarde e iam levar ele para comer alguma coisa. Aí agradeci e fui embora pra casa.

**
O debate serviu, dentre outras coisas, pra ajudar a responder uma pergunte que eu tinha me feito há um tempo atrás. Qual é a contribuição da Fifa para o Futebol?. Eles investem em futebol de base, por exemplo (dentre outras coisas que não sei).

Mais informações:
* Transparency in Sport;
* Twitter do Andrew Jennings;

Instangram!

Instangram

sábado, 26 de outubro de 2013

mostra de filmes Zanzibar, os Dândis de 68

Hoje fui na mostra de cinema Os Filmes Zanzibar: Dândis de 68, que está rolando na Caixa Cultura, no Rio de Janeiro, até 3 de novembro. Tô trabalhando na mostra lançando legendas (pros filmes que precisam de legendas). O bacana é que existe pouco material sobre esse movimento (parece que offline só tem um pequeno livro impresso), até mesmo na França, país onde ele se originou, e a mostra vem justamente iluminar um pouco esse período. É a 1a vez que exibem alguns dos filmes, como Deux Fois, que fala bem... aparentemente fala sobre os sentimentos de uma das integrantes do grupo (a Jackie Raynal) sobre o namorado dela na época.



Achei os filmes bem surreais, mas é para eles serem assim. Como me disse um dos organizadores da Mostra, Leonardo Esteves, o mote dos filmes é ser "destruição". Ou destruição do cinema como entendiam até então. No debate de hoje, a Jackie Raynal falou sobre como o movimento veio a ser, as influencias e os "resultados". Falou várias outras coisas também, mas que não pesquei.

De uma "operária do cinema", como ela mesmo se descreveu, Jackie se tornou uma senhora enxuta e lúcida e grande conhecedora do cinema. Ela ajudava na edição dos filmes de cineastas como Godard quando foi convidada a participar do grupo Zanzibar. Pelo que eu entendi, o movimento começou com uma proposta de um bancário francês, que queria financiar jovens cineastas. Quando ele viu o resultado do 1o filme (muito experimental), ficou um decepcionado. Mas a irmã dele, Sylvina Boissonnas (que aparece em pelo menos um dos filmes) decide continuar a financiar esse grupo de artistas, como Philippe Garrel, e passou a atuar como uma mecenas.

[caption id="attachment_988" align="aligncenter" width="1024"]Sylvina Boissonnas Sylvina Boissonnas[/caption]

De 1968 a 1970, produziram cerca de 15 filmes. Em um ano, filmaram 3 longa-metragens, o que é quase insano para os padrões de hoje. Uma das influencias dos caras era a The Factory, do Andy Warhol. Outra influência era a mescalina e outras drogas, segundo a própria Jackie. "Naquela época as drogas eram de graça. Nos davam as drogas. Quase todas vinham da Inglaterra. E não era como hoje, que há envolvimento com traficantes armados". Ela lembra como uma época maravilhosa, pois ainda não existia a AIDS.

Eles filmaram alguns dos acontecimentos do movimento estudantil de maio de 1968 e colocaram em seus filmes. Exibiram alguns desses filmes para trabalhadores nas próprias fábricas onde trabalhavam. Exibiam as películas também em escolas e museus.

Parece que só conseguiram esse acesso e distribuição graças aos esforços da Sylvina. Também havia a facilidade de terem filmado em formato Super-8, o que, aparentemente, facilita e agiliza na hora de editar. Como hoje em dia, o imediatismo também era importante para alguns cineastas, como disse Jackie no debate ao responder uma pergunta sobre redes sociais(acho que era uma referência ao Mídia Ninja e similares). Eles também conseguiam acesso maior aos protestos, pois um dos integrantes tinha um carrão (acho que um Jaguar, não sei). Por causa do carro, "os policiais os confundiam com ricos" e deixavam eles passar pelo bloqueio que faziam aos manifestantes de 68. (Que coisa isso)

[caption id="attachment_989" align="aligncenter" width="695"]Cena do filme Détruisez-Vous, ou Destrua-se. Cena do filme Détruisez-Vous, ou Destrua-se.[/caption]

Com a ajuda financeira de Sylvina, passaram a filmar em 35mm. Isso garantiu uma qualidade maior para as filmagens, mas que dificultou a distribuição, já que existiam lugares na França com capacidade de exibir um filme rodados em 35mm. No meio disso tudo, fizeram vários filmes. Jackie se lembra quando foi exibir o Deux Fois pela 1a vez, para operários e pessoas de classe-média, classe média baixa. As pessoas riram, gargalhavam. Ela se perguntou se o que eles estavam fazendo estava tão distante assim da realidade deles - em uma das cenas, Jackie urina na própria meia-calça. Os festivais, por outro lado, os receberam muito bem. Mas muitos diretores pararam de trabalhar com Jackie, porque aparentemente "ela tinha enlouquecido".

Pelo que eu entendi, o fim do movimento ocorreu quando vários integrantes começaram a seguir o próprio caminho. Uns viajaram para a Índia (era moda na época, por causa dos Beatles) e outros do grupo foram para Zanzibar, na África, acompanhados por um Mangusto (uma espécie de furão) que ia comendo os insetos no caminho.

No final, cada um foi prum canto. Uns caíram em Artes Plásticas, outros continuaram fazendo filmes e um (o Patrick Deval) virou muçulmano durante a viagem a Zanzibar e largou as artes. Jackie ficou bem abalada com o grupo Zanzibar, "como acontece nesses movimentos independentes, quando se mistura demais o trabalho e a vida pessoal". Ela vendeu o único bem que tinha, um apartamento, e foi com Sylvina em direção à costa oeste dos EUA para viver como os hippies. Parece que ficou lá até pouco tempo atrás. Agora vive na França. Nunca tinha vido ao Brasil, mas conhecia os filmes de Glauber Rocha e outros, através de Godard.

Durante o debate, ela respondeu algumas perguntas dos organizadores e da plateia. Um espectador assinalou que gostou muito como ela usou o som no Deux Fois (muito silêncio, pouco diálogo e sonoplastia pertubadora). Ela agradeceu os elogios e disse na época que atuava editando e montando os filmes, percebeu que "o som é a metade da imagem de um filme". Ela falou da influência e dos resultados do movimento Zanzibar. Disse que o movimento gerou frutos mais nas Artes Plásticas, mas não deu detalhes disso. Disse que em 1968 os festivais de cinema ousavam mais, abriam mais as portas para filmes inovadores e experimentais e "hoje exibem Tarantino". Engraçado que nego que gosta de Tarantino não se acha careta, pelo contrário.

Jackie respondeu também uma pergunta minha. Perguntei sobre a diferença da dinâmica entre o mecenato de Sylvina e o crowdfunding. Ela disse que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Sylvina era mais que uma mecenas, atuava também dando todo o apoio necessário, ajudando na distribuição e exibição dos filmes. Ela critica também o fato do crowdfunding exigir uma contrapartida dos contribuintes. "Se fulano quisesse fazer um filme para três ou quatro pessoas, ele ia lá e fazia. Não tinha que responder a ninguém". Ela conta que um dos participantes do movimento Zanzibar se alegrava quando as pessoas abandonavam a sala de cinema, que ficava vazia.

Para Jackie, o crowdfunding é algo fechado em si mesmo. Não ajuda a criar um sistema de distribuição, nem nada. Não ajuda ir além. É uma observação pertinente pra algo que nego considera que é a salvação da lavoura. Não concordo muito com o que ela diz, mas entendi que se não houver algo além do financiamento, se não houver uma participação real das pessoas com a arte e com o que elas consideram interessante, não vai haver vaquinha que dê conta. Eu tinha várias perguntas a fazer para ela (se ela assiste filmes no Youtube, por exemplo), mas o tempo era curto e não deu para falar tudo. Valeu pela conversa.

* em tempo, me acharam parecido com o Jean Paul Belmondo. Acho que não sou tão narigudo ou charmoso assim.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Aquele caso da velhinha queimada por café no McDonald's...

Lembra de um caso de uma senhora que foi queimada por café no McDonald's e que recebeu uma indenização milionária? Ela virou referência do absurdo que é o sistema jurídico norte-americano. Virou até piada no Seinfeld:



e aqui:


Mas a história verdadeira (e os ferimentos que a senhora sofreu) era mais profunda do que divulgaram em alguns meios de comunicação. O NY Times desencavou essa história e trouxe à tona que o caso envolveu mais que a indenização milionária. Se quiser saber mais: http://nyti.ms/15WTRbJ

sábado, 19 de outubro de 2013

projeto fotográfico sobre o Metrô carioca

Caos Subterrâneo

Projeto fotográfico sobre o metrô carioca. O fotógrafo Daniel Carvalho quis mostrar um pouco das dificuldades enfrentadas no dia a dia pelos usuários do metrô. Mais fotos aqui e aqui tem o fotógrafo falando sobre o período de quatro meses que ficou tirando as fotos.

domingo, 13 de outubro de 2013

#ficadica

all-star-superman-lessons-beatitudes

Alguns mandamentos do Allstar Superman:
- Nada é impossível;
- O quão pior você age, pior você fica;
- Os fortes devem proteger os fracos;
- Valentões não gostam de ser confrontados;
- Um homem não é medido pelo que ele fala, mas pelo que ele faz;
- Nunca é tão ruim quanto parece;
- Você é mais forte do que você acha que é;
- A pena é mais forte que a espada, todas as vezes;
- É apenas nós, aqui juntos, e isso é tudo o que nós temos;
- Sempre há uma maneira;

Peguei aqui.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Mais informações sobre Jorge Ben(jor) e a Turma da Tijuca

Informações sobre Jorge Benjor, Roberto Carlos, Erasmo e Tim Maia retiradas do Dicionário Cravo Albin e da Wikipedia:

Jorge Benjor
Jorge Duílio Lima Menezes iniciou sua carreira artística em 1961, como pandeirista, ao lado do Copa Trio, grupo liderado pelo organista Zé Maria, que se apresentava na casa noturna Little Club, no Beco das Garrafas (RJ). Em seguida, apresentou-se no Bottle's, também no Beco das Garrafas, cantando e tocando músicas de sua autoria. Atuou, também nessa época, como cantor de rock, na boate Plaza (RJ).

Em 1963, voltou a apresentar-se no Bottle's, acompanhado pelo Copa Cinco, integrado por Meireles (sax), Pedro Paulo (trompete), Toninho (piano), Dom Um (bateria) e Manoel Gusmão (baixo). Ainda em nesse ano, realizou sua primeira participação em estúdio, atuando como "crooner" nas faixas "Mas que nada" e "Por causa de você, menina", ambas de sua autoria, incluídas no LP "Tudo azul", de Zé Maria. Em seguida, foi contratado pela gravadora Philips, e gravou um 78 rpm com essas duas músicas, acompanhado pelo Copa Cinco. O disco obteve muito êxito. Nesse mesmo ano, gravou seu primeiro LP, "Samba esquema novo", contendo essas duas canções, além de "Chove chuva", que veio consolidar seu sucesso como cantor e compositor. O disco atingiu um total de 100 mil cópias vendidas, marca incomum para a época.
* tirado do Dicionário Cravo Albin;

Carioca de Madureira, mas criado no Rio Comprido, Jorge Ben queria ser jogador de futebol e chegou a integrar o time infanto-juvenil do Flamengo. Mas acabou seguindo o caminho da música, presente em sua vida desde criança. Ganhou seu primeiro pandeiro aos treze anos de idade e, dois anos depois, já cantava no coro de igreja. Também participava como tocador de pandeiro em blocos de carnaval. Aos dezoito, ganhou um violão de sua mãe e começou a se apresentar em festas e boates, tocando bossa nova e rock and roll. É conhecido como Babulina, por conta da pronúncia do rockabilly "Bop-A-Lena" de Ronnie Self (apelido que Tim Maia tinha pelo mesmo motivo). Seu ritmo híbrido lhe trouxe alguns problemas no início, quando a música brasileira estava dividida entre a Jovem Guarda e o samba tradicional, de letras engajadas. Ao passar a ter interesse pela música, o artista vivenciou uma época na qual a bossa nova predominava no mundo. A exemplo da maioria dos músicos de então, ele foi inicialmente influenciado por João Gilberto, mas desde o início foi bastante inovador.
* tirado da Wikipedia;

Erasmo Carlos
Erasmo Esteves foi criado no bairro carioca da Tijuca, estudou nos tradicionais colégios Batista e Lafayette. Começou a se interessar por música em 1957, quando o rock começou a penetrar no Brasil. Na Rua do Matoso, conheceu Roberto Carlos, Jorge Ben e Tim Maia, que lhe ensinou os primeiros acordes de violão. Fundou com eles o grupo amador The Sputiniks.
* tirado do Cravo Albin;

Erasmo conhecia Sebastião Rodrigues Maia (que mais tarde seria conhecido como Tim Maia) desde a infância, entretanto a amizade só viria na adolescência por conta da febre do Rock and Roll. Em 1957, Tim Maia montou a banda The Sputniks, os membros da banda eram Tim, Arlênio Lívio, Wellington Oliveira e Roberto Carlos. Após uma briga entre Tim e Roberto, o grupo foi desfeito, Wellington desistiu da carreira musical, o único remanescente era Arlênio que no ano seguinte resolveu chamar Erasmo e outros amigos da Tijuca, Edson Trindade e José Roberto, conhecido como "China" para formarem o grupo vocal "The Boys of Rock". Por sugestão de Carlos Imperial o grupo passou a se chamar The Snakes, o grupo acompanhava tanto Roberto quanto Tim Maia em seus respectivos shows.

Erasmo foi apresentado a Roberto por Arlênio Lívio, Roberto precisava da letra da canção Hound Dog, sucesso na voz de Elvis Presley, então Arlênio disse que Erasmo seria a pessoa que possuiria tal letra, pois este era um grande fã de Elvis, Roberto descobriu outras afinidades com Erasmo, além de Elvis, ambos gostavam de Bob Nelson, James Dean, Marlon Brando, Marilyn Monroe, torciam para o Vasco da Gama. Quando fazia parte do The Snakes, Tim Maia ensinou Erasmo a tocar violão.

O The Snakes chegou a acompanhar, o cantor Cauby Peixoto em sua inusitada passagem pelo rock, na gravação de "Rock and Roll em Copacabana" de 1957 e no filme "Minha Sogra é da Polícia" (1958), onde o cantor interpreta a canção "That's Rock" composta por Imperial.

Nos tempos da juventude também conheceu, Jorge Ben Jor, na época conhecido como Babulina e Wilson Simonal, que também foi agenciado por Carlos Imperial. Erasmo resolveu adotar o nome Carlos no nome artístico em homenagem ao Roberto Carlos e a Carlos Imperial e com esse nome lançou o compacto que seria de grande sucesso com a música O Terror dos Namorados com a novidade do Orgão Hammond de Lafayette que também era seu amigo e da Turma do Bar Divino na Tijuca.
* do verbete da Wikipedia;

Tim Maia
Iniciou sua carreira artística aos 14 anos de idade, integrando, como baterista, o grupo Os Tijucanos do Ritmo, com o qual atuou durante um ano. Em seguida, começou a estudar violão e formou, em 1957, com Roberto e Erasmo Carlos, o grupo Os Sputniks. Em 1959, viajou para os Estados Unidos, onde permaneceu durante quatro anos. Estudou inglês e integrou, como vocalista, o conjunto The Ideals. Em 1968, gravou seu primeiro disco, um compacto simples contendo suas composições "Meu país" e "Sentimento".
* do Cravo Albin;

Sebastião Rodrigues Maia foi um cantor, compositor, produtor, maestro, multi-instrumentista e empresário brasileiro, responsável pela introdução do estilo soul na música popular brasileira e reconhecido mundialmente como um dos maiores ícones da música no Brasil. Suas músicas eram marcadas pela rouquidão de sua voz, sempre grave e carregada, conquistando grande vendagem e consagrando muitos sucessos. Nasceu e cresceu na cidade do Rio de Janeiro, onde, em sua infância, já teve contato com pessoas que viriam a ser grandes cantores, como Jorge Ben Jor e Erasmo Carlos. Em 1957, fundou o grupo The Sputniks, onde cantou junto a Roberto Carlos. Em 1959, emigrou para os Estados Unidos, onde teve seus primeiros contatos com o soul, vindo a ser preso e deportado por roubo e porte de drogas. Em 1970, gravou seu primeiro disco, intitulado Tim Maia, que, rapidamente, tornou-se um sucesso país afora com músicas como "Azul da Cor do Mar" e "Primavera".
* Wikipedia;

Roberto Carlos
Em 1957 começou a carreira apresentando-se em bailes e programas de TV com o conjunto The Sputniks. Em 1958, formou com Erasmo Carlos, Edson Trindade e Arlênio Gomes o conjunto The Snakes. A carreira solo foi iniciada no mesmo ano como "crooner" da boate do Hotel Plaza, em Copacabana, cantando samba-canção e bossa nova. No ano seguinte, por intermédio de Carlos Imperial, começou a se apresentar no programa do Chacrinha. Com uma carta de apresentação de ambos, gravou pela Polydor seu primeiro disco, "João e Maria/Fora do tom", um 78 rpm de estilo bossa nova e composições de Carlos Imperial que não teve repercussão alguma. Ainda assessorado por Carlos Imperial, gravou seu segundo disco em 1960, com as músicas "Brotinho sem juízo" e "Canção do amor nenhum", ambas de Imperial. No ano seguinte gravou seu primeiro LP, também não obtendo êxito. Em 1963, fez sucesso com o 78 rpm "Splish splash/Parei na contramão", esta última inaugurando a parceria com Erasmo, uma das mais profícuas e rentáveis da música brasileira.

Nesse mesmo ano viajou com freqüência para São Paulo para se apresentar no programa da TV Record "Astros do Disco". No ano seguinte, começaram a se intensificar as apresentações em programas de rádio e televisão, tornando seu nome conhecido nacionalmente. Ainda em 1964 lançou o LP "É proibido fumar", com os sucessos "O calhambeque", versão de Erasmo Carlos para "Road hog" e a faixa título. O ano de 1965 foi o da consagração nacional definitiva. A TV Record decidiu lançar um programa dominical direcionado à juventude cujo comando foi entregue a ele. O programa "Jovem Guarda" foi ao ar durante quatro anos, tornando-se uma das maiores audiências da televisão brasileira de todos os tempos. Ao lado do "Tremendão" Erasmo Carlos e da "Ternurinha" Wanderléia, recebia convidados que ali se apresentavam.
* Cravo Albin;

Roberto Carlos Braga (Cachoeiro de Itapemirim, 19 de abril de 1941) é um cantor e compositor brasileiro. Um dos primeiros ídolos jovens da cultura brasileira, ele foi um dos pioneiros no Brasil do movimento rock'n'roll surgido nos Estados Unidos ao longo da década de 1950.

Embora tivesse iniciado a carreira sob influência da Bossa Nova, no início da década de 1960, Roberto mudou seu repertório para o rock. Com composições próprias, geralmente feitas em parceria com o amigo Erasmo Carlos, e versões de sucessos do então recente gênero musical, fundando as bases para o primeiro movimento de rock feito no Brasil. Com a fama, estrelou ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa um programa na TV Record chamado Jovem Guarda, que daria nome ao primeiro movimento musical do rock brasileiro. Além da carreira musical, estrelou filmes inspirados na fórmula lançada pelos Beatles - como "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" e "Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora".
* Wikipedia;

Alguns links com algumas histórias sobre o Jorge Ben(jor)

Algumas historias sobre o Jorge Ben(jor) que coletei pela internet:

Você tem uma relação muito próxima com as canções de Jorge Benjor, a começar por Mas Que Nada. Como vocês se conheceram, e qual é a relação de vocês hoje?
Conheci o Jorge no Beco das Garrafas. Foi nessa época que ouvi Mas Que Nada, Chove Chuva, entre outras, pela primeira vez. O Jorge tinha uma qualidade especial, uma levada de violão totalmente diferente do que se fazia naquela época. Sou muito grato a ele por ter escrito Mas Que Nada , que foi e continua sendo a canção mais importante da minha carreira. No meu disco Bom Tempo, lançado neste ano, regravei País Tropical. Acho que Mas Que Nada é hoje a canção brasileira mais conhecida no mundo. E Jorge é um querido amigo. Nós nos vemos de vez em quando quando nos cruzamos pelo mundo. E é sempre um grande prazer encontrá-lo.

* 20 perguntas da Playboy com o Sérgio Mendes;

Mas existe também o Erasmo Carlos sambista, não é? Muita gente considera você e o Jorge Ben os inventores do samba rock.
Não, é o Jorge. Ele é o grande sacador da batida e tudo. Eu sou só um seguidor, e todos os que fazem samba rock são seguidores do Jorge. Quando comecei, ele era meu vizinho lá na Tijuca. Ele era da turma d’Os Cometas, do Rio Comprido, eu era de uma gangue da Tijuca. A gente frequentava a mesma esquina, o mesmo bar. Depois todos começaram a tocar violão, aquela febre do rock’n’roll, samba, bossa nova. A gente fazia serenata de rock e de bossa nova...

* entrevista da revista Trip com Erasmo Carlos;

SUA TURMA ERA TIM MAIA, ROBERTO, ERASMO CARLOS?
Eu também não era da turma deles... A turma deles, o primeiro conjunto, era Tim Maia, Erasmo e Roberto. Chamava Sputniks. Aí houve uma confusão, Roberto se separou e o Tim depois sumiu, foi pros Estados Unidos. Tim tocava desde garoto, foi o primeiro que vi cantando “bop-a-lena, bop-a-lena”, tocando guitarra. Ficamos mais amigos depois, quando voltou e veio pra jovem guarda. Fizemos uma excursão uma vez com a fábrica francesa de tecidos Rhodia. Eu, Rita Lee e Tim Maia. Eram as manequins, e a gente tocava no meio dos desfiles. Uma coisa chiquérrima.

NÃO FICOU NADA GRAVADO DISSO?
Ah, não, não sobrou gravação nem do tempo nosso da tropicália, de Divino, maravilhoso. Dizem que gravavam novela em cima. Mas, falando do Tim Maia... O som dele revolucionou. Ele teve umas fases lúdicas, lindas, específicas... Por exemplo, aquela do livro. Ele seguia e descobriu que não era nada daquilo. Essa foi uma decepção dele. O cara botou a fé dele toda ali e depois descobriu.

DEVE TER SIDO RUIM PRA ELE, MAS RENDEU MÚSICAS MARAVILHOSAS...
Ô, só música maravilhosa. Ele aderiu, cantava com o livro na mão. O síndico, o grande síndico, Deus o tenha. Não vou falar pra você nem pra ninguém, mas eu guardava coisas dele, os amigos sempre guardavam. A qualquer hora você tinha que atender, ele ligava três, quatro horas da manhã. Uma coisa que posso contar pra você: quando gravou o disco com Os Cariocas [em 1997], ele chegou contente, feliz da vida, isso eram quatro da manhã. Aí acordei, já sabiam lá em casa que telefone para mim era dele.

ELE DEVIA SABER QUE VOCÊ TAMBÉM ESTARIA ACORDADO...
[Ri.] Do outro lado ele feliz, “Porra, estou chegando do estúdio agora, gravei com Os Cariocas!”. Mostrava faixa por faixa, ouvi e tinha que dar nota!

NOTA? DE ZERO A DEZ?
[Ri muito.] “O que você acha, porra!?” “Do cacete.” Era demais.

E ROBERTO E ERASMO?
Com eles foi muito pouco, só vivi aquela época da jovem guarda.

MAS VOCÊ FEZ DUAS MÚSICAS COM ERASMO E MOROU COM ELE, NÃO?
Fiquei um pouco com Erasmo no Brooklin, quando fui pra São Paulo me apresentar no Jovem Guarda. Foi a época em que a gente fez “Menina gata Augusta” [1967], que foi legal, [cantarola], “menina gata Augusta, menina Augusta gata”. Ali já fizemos um [hesita] samba rock...

VOCÊS BATIZARAM DE “JOVEM SAMBA”.
É, jovem samba [cantarola], “eu sou da jovem samba/ a minha linha é de bamba” [de “A jovem samba”, 1967].

* entrevista da revista Trip com Jorge Benjor;

O texto abaixo  é sobre o Roberto Carlos, mas fala um pouco da época que o Jorge Ben viveu na Tijuca:

Seis anos antes, Roberto Carlos havia chegado ao Rio de Janeiro, vindo de Cachoeiro do Itapemirim (ES), sonhando em ser um cantor famoso. Tentou o rock, a bossa nova e lançou um álbum que tinha também bolero e samba. Foi um fracasso. Esnobado pela panelinha da Zona Sul – Ronaldo Bôscoli o chamava de “João Gilberto dos pobres” –, voltou a conviver com sua primeira turma carioca, da Tijuca. Mais especificamente com um rapaz alto e bonachão, fã de Elvis Presley e de Roberto – tanto que havia mudado seu nome de Erasmo Esteves para Erasmo Carlos.

Uma versão de Erasmo para um hit de Bobby Darin seria o primeiro sucesso de Roberto: Splish Splash, de 1962. A parceria logo rendeu composições originais: vieram Parei na Contramão, É Proibido Fumar e, em 1965, o convite para que eles e Wanderléa apresentassem o programa Jovem Guarda, na TV Record. Em novembro daquele ano, lançaria a música revolucionária que incendiou o Brasil e o transformaria em Rei: Quero que Vá Tudo pro Inferno.

* entrevista da revista Alfa;

sábado, 28 de setembro de 2013

Curta com astronautas falando do espaço

Curta-metragem com astronautas falando que a viagem ao espaço gerou neles. Eis o que um filósofo pondera sobre isso tudo no filme:

"We've been evolving from the beginning of civilization to a larger larger perspective of life on Earth.

Our next approach is understanding our life in space.

It's the fact of the earth is... a space ship, spaceship earth.

We're in space already. It's just we hadn't brought to our perspective as we live here on earth.

The overview effect is simply the recognition that we live on a planet. And all the implications of life on earth."


traduzindo:

"Estivemos evoluindo desde o início da civilização para uma perspectiva muito maior da vida sobre a Terra.

Nosso próximo passo é entender nossa vida no espaço.

É o fato de a Terra ser... uma espaçonave, a Espaçonave Terra.

Já estamos no espaço. Mas isso ainda não chegou ao nosso entendimento enquanto habitantes do planeta.

Esse entendimento é simplesmente o reconhecimento que vivemos em um planeta. E todas as implicações que a nossa vida gera na Terra."




O curta é desse filme. Peguei aqui.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Cara Crachá

Navegando pelo ISSUU me deparei com o Cara Crachá, quadrinho auto-biográfico sobre as questões do trabalho do artista Alexandre Jr., onde o próprio é questionado por uma misteriosa sombra. Vi também a Combustão, revista cultural de Viçosa (MG), o Peru Molhado, o "jornal da emancipação de Búzios", Fotoclube Futebol Clube, de Porto Alegre, e vários quadrinhos, inclusive o Tico-Tico, a primeira revista em quadrinhos do Brasil.

[caption id="attachment_939" align="aligncenter" width="614"]foto de Rangel Paiva, da edição de Super-Heróis da revista do Fotoclube FC. foto de Rangel Paiva, da edição de Super-Heróis da revista do Fotoclube FC.[/caption]

domingo, 25 de agosto de 2013

Sobre as manifestações das ruas (ou 'A Culpa é do Carro')

Panorama traçado pelo Le Monde Diplomatique (fontes dos dados no link da matéria) sobre as manifestações de rua aponta alguns dados bacanas:
Mas é com a condição dos transportes que as cidades acabam cobrando a maior dose de sacrifícios por parte de seus moradores. E embora a piora de mobilidade seja geral – isto é, atinge a todos –, é das camadas de rendas mais baixas que ela vai cobrar o maior preço.

O tempo médio das viagens em São Paulo era de 2 horas e 42 minutos em 2007. Para um terço da população, esse tempo é de mais de três horas.

A desoneração dos automóveis somada à ruína do transporte coletivo fizeram dobrar o número de carros nas cidades. Em 2001, havia em doze metrópoles brasileiras 11,5 milhões de automóveis e 4,5 milhões de motos; em 2011, 20,5 milhões e 18,3 milhões, respectivamente. Os congestionamentos em São Paulo, onde circulam diariamente 5,2 milhões de automóveis, chegam a atingir 295 quilômetros das vias.

O governo brasileiro deixou de recolher impostos no valor de R$ 26 bilhões desde o final de 2008 (nesse mesmo período, foram criados 27.753 empregos), e US$ 14 bilhões (quase o mesmo montante dos subsídios) foram enviados ao exterior. Há mais subsídios para a circulação de automóveis (incluindo combustível e outros itens) do que para o transporte coletivo.

A prioridade ao transporte individual é complementada pelas obras de infraestrutura dedicadas à circulação de automóveis. Verdadeiros assaltos aos cofres públicos, os investimentos em viadutos, pontes e túneis, além de ampliação de avenidas, não guardam qualquer ligação com a racionalidade da mobilidade urbana, mas sim com a expansão do mercado imobiliário, além, obviamente, do financiamento de campanhas.


Mas não se pode resumir tudo a isso. Tem outras coisas também.

sábado, 17 de agosto de 2013

Post do Facebook sobre as manifestações

* Um post meu no facebook sobre as manifestações;

Defendendo um pouco a categoria... mas vejo geral batendo na midia nessas manifestacoes, tanto neguinho de esquerda ou de direita. Tanto um lado quanto o outro falam que os jornais, a televisao, os radios tao do lado errado. Beira um pouco a anarquia, como se rede social fosse a unica solucao e nego que tah nas ruas os unicos mocinhos. Como se a midia nao divulgasse os problemas em hospitais, educacao, seguranca, etc.

O negocio eh que as midias socias permitiram outro tipo de manifestacao, mais espontanea. Antes nego "que se envolvia com os assuntos da sociedade" seguia quase necessariamente pelo caminho dos partidos politicos, midia, advocacia, cultura, religiao, etc, pq nao tinha ferramenta pra fazer de outro jeito. Tudo isso (partido politico, midia, etc) vai continuar existindo por aih. O negocio agora vai ser tentar conciliar esses caminhos "antigos e ja pavimentados" com esses novos que ja tao surgindo. Ou criar novos caminhos.

Nao concordo com ataques generalizados a midia (apesar de muitas vezes ela merecer). Mas como dizem por aih, foram os meios de comunicacao (radio, cinema, televisao) que uniram o País, criaram uma unidade nacional. É por isso que, por exemplo, os cariocas e baianos sao um pouco irmaos e tem uma rivalidade menos hostil que brasileiros com argentinos.

Ou vai que a internet veio pra criar um mundo sem países, como cantava o John Lennon, e o planeta será como um. Sei lá se to chovendo no molhado. Sei lá eu. Sei lá mesmo. ?#?meusdoiscentavos?

Isso foi escrito em junho. Agora o alvo passou a ser a Mídia Ninja (e o Fora do Eixo). O alvo na verdade parece ser todo mundo o tempo todo. Parece caça às bruxas e isso não é legal. O que eu não gosto é essa sensação de CORTEM AS CABEÇAS!

domingo, 11 de agosto de 2013

Sobre o financiamento da Midia Ninja

Há um tempo (em 2009) fiz uma matéria para o Jornal do Commercio falando sobre o sistema financeiro do grupo Fora do Eixo. Pelo que entendi da entrevista do Pablo Capilé e do Bruno Torturra no Roda Viva, é o mesmo sistema que banca a atuação da Mídia Ninja nas manifestações que tomaram conta do País a partir de junho. Pelo que vi, cresceu bastante desde então, tanto em movimentação financeira quanto em número de associados. Porém, uma matéria complementar aponta que o sistema funciona melhor em pequenos grupos (e hoje pelo jeito está pelo Brasil todo).

cubo card

 

Se quiser ler a matéria, é só clicar aqui.

sábado, 3 de agosto de 2013

Documentário sobre o movimento Sem Teto em SP

No coração de São Paulo pulsa o maior movimento de luta por moradia da América Latina. Famílias desabrigadas ocupam o edifício Mauá, um dentre muitos ocupados no centro da cidade., O documentário LEVA acompanha a vida de moradores da ocupação e revela a organização de siglas que se unem numa organização para transformar os espaços abandonados em habitáveis. A estruturação do edifício pelos movimentos de luta de moradia irá refletir na reorganização e redescoberta das pessoas como indivíduos através do coletivo.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Alguns documentários sobre Carnaval do RJ

Alguns documentários sobre o carnaval do Rio de Janeiro. Uns falam dos blocos de empolgação, tipo o Cacique de Ramos e Bafo da Onça, e outros falam das Mulatas e dos Bate-Bolas. Esse aqui é da TV Brasil, com Bira Presidente, Beth Carvalho, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Marcelo D2...


Esse aqui sobre os 50 anos do Cacique:


Esse aqui sobre o Bafo da Onça (da TV Brasil tb):


Mulatas! Um tufão nos quadris: Estrelas anônimas da nossa maior festa, as mulatas são o emblema supremo do Carnaval. Ostentam, no passo impecável, a magia e sensualidade que hipnotizam a plateia e garantem a audiência planetária do espetáculo das escolas de samba do Rio. Muito além dos holofotes da folia e da brincadeira, suas trajetórias, paradoxalmente, conjugam melancolia, solidão e humor -- além, claro, do mais profundo amor pelo Carnaval. "Mulatas! Um tufão nos quadris" contará as histórias das personagens mais cobiçadas da avenida.


Carnaval, bexiga, funk e sombrinha: sobre os clóvis ou bate-bolas no Carnaval (completo)

domingo, 30 de junho de 2013

E se super-poderes fossem reais?

Um professor nos EUA (Joy Lin) usou super-poderes para explicar física pros alunos. Daí a Cognitive Media transformou as aulas em vídeos animados e o TED publicou. São seis poderes e seis vídeos: superforça, modificar a massa corporal, super-velocidade, voar, invisibilidade e imortalidade. Esse aí embaixo é de super-força. Pra ver os outros é só esperar o final do vídeo.

sábado, 29 de junho de 2013

Gary Hunt

[caption id="attachment_864" align="aligncenter" width="620"]O último salto de Gary Hunt no meio do paredão de rocha (Foto: Red Bull/Divulgação) O último salto de Gary Hunt no meio do paredão de rocha (Foto: Red Bull/Divulgação)[/caption]

* Britânico pula a 27m de altura, atinge 85km/h e vence prova de salto radical. Mas aqui: http://globoesporte.globo.com/radicais/noticia/2013/06/britanico-pula-27m-de-altura-atinge-85kmh-e-vence-prova-de-salto-radical.html;

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Jornalismo sem rancor na New Yorker

Isso é que é chamada. Festejaram a liberação do casamento gay pela Suprema Corte dos EUA de maneira foda e não rancorosa. Isso é bem legal. "How the Court ruled" pode ser tanto "Como a Corte ordenou" como "Como a Corte mandou bem pra caralho". Isso com a grande escolha de foto que ilustra a chamada

new yorker

 

* mais aqui: http://www.newyorker.com/online/blogs/newsdesk/2013/06/how-the-court-ruled-on-doma-and-prop-8.html

quinta-feira, 20 de junho de 2013

e qual é mesmo a contribuição da Fifa pro futebol?

- Copa do Mundo sem a FIFA


Ai seria a grande contribuição mundial do Movimento dos 20 centavos já que a FIFA com suas exigências “padrão FIFA” nada mais é do que um parasita de atuação mundial que trabalha para enriquecer poucos e não tem qualquer intenção benigna para o futebol em si.

* Um dos principais pontos desse texto aqui: http://factoide.com.br/2013/06/19/outras-motivacoes-o-ostracismo-uma-copa-sem-a-fifa-e-a-vedacao-de-cargos/

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Quadrinhos e o mundo real

[caption id="attachment_850" align="aligncenter" width="600"]Fábrica de máscaras de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, trabalha para fazer os modelos usados nas manifestações contra o aumento das passagens de ônibus no Brasil. Um dos mais pedidos é o personagem de "V de Vingança", série de quadrinhos escrita pelo britânico Alan Moore na década de 1980 Gabriel de Paiva/Agência O Globo Fábrica de máscaras de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, trabalha para fazer os modelos usados nas manifestações contra o aumento das passagens de ônibus no Brasil. Um dos mais pedidos é o personagem de "V de Vingança", série de quadrinhos escrita pelo britânico Alan Moore na década de 1980 Gabriel de Paiva/Agência O Globo[/caption]

* tirado daqui: http://noticias.uol.com.br/album/2013/06/12/aumento-de-tarifa-do-transporte-coletivo-gera-protestos-pelo-pais.htm#fotoNavId=pr10361769

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Explicando o jornalismo

É uma tendência cada vez maior nos dias de hoje o jornalismo explicar, mais do que noticiar, alguns acontecimentos para o público, sejam jornalistas ou pessoas em geral. Isso é fruto do crescimento da quantidade de informação disponível no mundo, o que torna difícil para algumas pessoas (e para os próprios jornalistas) saber o que está rolando e qual é a origem daquela notícia. É o "Entenda" (mais aqui, aqui, aqui e aqui).

De certa forma, minha monografia na faculdade foi sobre essa necessidade de contextualizar melhor a notícia (fiz sobre Linha do Tempo no Jornalismo Online). Alguns blogs e sites já possuem uma sessão dedicada a fazer as pessoas entenderem as notícias ou só dedicados a isso. Um exemplo bacana é o tumblr Explica. A Folha de S. Paulo tem uma seção só para explicar as minúcias do Direito para leitores e jornalistas, e o The Economist tem um blog que explica um pouco de tudo. O Senado fez uma seção pra explicar como funciona o Orçamento Público. Se alguém ler isso daqui e quiser apontar mais algum exemplo nos comentários, sinta-se à vontade.

domingo, 9 de junho de 2013

Revista Música e Músicos n.01

Revista Música e Músicos, de maio de 1962. Tem entrevistas com Ângela Maria, Sargentelli (por ele próprio), coluna do Tom Jobim e várias paradas. Comprei a edição dia desses por R$ 10 na feira da Praça XV, no Rio de Janeiro. Achei que tava barato (já que é uma primeira edição), mas assim que comecei a mexer na revista pra escanear ela se desfez um pouco, aí entendi a razão do preço...

Segue abaixo a revista escaneada e em formato digital pra quem quiser dar uma olhada.



* Ou é só clicar direto no link: http://issuu.com/chicones/docs/revista_m__sica_e_m__sicos_-_001/1

sábado, 26 de janeiro de 2013

O PSD e o novo partido de Marina Silva

O PSD começa a mostrar que será um aliado com potencial para dar trabalho ao governo federal. O partido busca artifícios jurídicos para assegurar a indicação de Guilherme Afif Domingos para a vaga de ministro, provavelmente da futura pasta da Micro e Pequena Empresa, que ainda precisa ser aprovada pelo Senado. O grande problema é que Afif é o atual vice-governador de São Paulo e o partido pretende que ele acumule as duas funções ao longo dos próximos dois anos. A informação é dessa matéria do Correio Braziliense aqui.

Esse PSD é uma das paradas mais loucas que surgiu na política do Brasil nos últimos anos, pelo que ando acompanhando na mídia. O partido surgiu do nada e mesmo com vários indícios de fraude (1, 23 e 4), teve o registro liberado pelo TSE. Quase que imediatamente, vários políticos insatisfeitos com a antiga legenda, seja por rinhas internas ou porque os caciques das ex-siglas (muito engessadas) estavam embarreirando a escalada de poder deles ou seja qual for o motivo, migraram para o PSD, o que deixou o partido com um tamanho considerável (em número de vereadores, deputados estaduais e federais e até senadores), apesar de ter sido recém-criado. Logo, ele conseguiu tempo na televisão e no rádio para poder disputar as eleições e participação no fundo partidário, o que não ocorria antes para partidos novos.

[caption id="attachment_709" align="aligncenter" width="300"]Brasília - O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, fala com a imprensa após encontro com a presidenta Dilma Rousseff no Palácio do Planalto O ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que articulou a criação do PSD. (crédito: José Cruz/ABr)[/caption]

Esses entendimentos, que foram favoráveis ao PSD podem, no entanto, mudar de novo. Como apontou uma matéria recentemente veiculada no Valor Econômico sobre o PEN, o partido que Marina Silva quer formar:
"A maior dificuldade da Marina não será colher as assinaturas. Mas atrair filiados caso não tenha acesso à fatia maior do tempo de TV e do fundo partidário. Há um movimento forte no Congresso para não se permitir o que aconteceu com o PSD. E esse movimento tem tudo para dar certo", afirma Carlos Siqueira, primeiro-secretário do PSB, partido liderado por outro presidenciável, o governador de Pernambuco Eduardo Campos.

Siqueira refere-se ao projeto do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP). A proposta proíbe que a bancada recém-cooptada por um novo partido na Câmara seja utilizada como critério para o rateio proporcional do tempo de rádio e TV e dos recursos do fundo partidário. É algo já previsto na legislação, mas que recebeu outra interpretação, em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) favorável ao PSD. O objetivo agora é explicitar a regra, fechando a brecha aberta pelo STF. "Quem tem que legislar é o Congresso Nacional. Com esta lei, fica mais claro. O deputado é eleito com a ajuda do partido. Ele pode até criar outra legenda, mas não vai levar o tempo de rádio, de TV, nem recursos do fundo. Isso dá segurança institucional e jurídica [ao partido pelo qual foi eleito]", defende Edinho Araújo".

Mas como é isso? Como pode as regras do jogo ficarem mudando o tempo todo a favor de uma ou contra outra pessoa? Segundo a mesma matéria do Correio, o deputado nega que as regras mudariam para prejudicar Marina:
O deputado nega que a proposta tenha sido criada com o objetivo de prejudicar a candidatura presidencial de Marina Silva. "Quando propus, não pensei em ser contra ninguém individualmente. A dificuldade será geral", prevê. Caso a lei seja aprovada, o partido de Marina terá direito de participar apenas da distribuição igualitária do tempo de TV (um terço dele dividido entre todos os candidatos) e de 5% do fundo partidário.

Esses 5% do fundo partidário são os mesmos que o PSD teria direito inicialmente. Como diz essa matéria da Veja, na época das discussões sobre como ia ficar o fundo partidário para o partido:
"O que está sendo discutido no TSE é se, como foi criado no ano passado e não elegeu bancada federal em 2010, o partido de Kassab tem ou não direito ao dinheiro do fundo e ao tempo no horário eleitoral. Se o TSE seguir a orientação do Ministério Público Eleitoral, que defende que a contagem deve ser feita na eleição, o pedido do PSD será inviabilizado, já que teve as adesões de deputados federais apenas em 2011. E o PSD terá fatia mínima do bolo do fundo partidário, similar à de legendas “nanicas” sem representação na Câmara dos Deputados, de apenas 42.524,29 reais do fundo partidário por mês".

Com a liberação pelo TSE, parece que o PSD conseguiu R$ 7 milhões do fundo partidário em 2012 e deve conseguir R$ 14 milhões em 2013. Com todo esse apoio de várias esferas do governo, o PSD se tornou a quarta maior força política do País nas eleições do ano passado, segundo essa matéria da Veja. Conseguiu ainda o governo de Santa Catarina e do Amazonas e 107 deputados estaduais, além de dois senadores e 47 deputados federais. Já chamam o PSD de "estratégico" para as eleições presidenciais de 2014 e querem colocar o Afif em um ministério, que ainda deverá ser criado, como está escrito no início desse post.

Acho meio estranho pra caralho um partido conseguir tanto poder em tão pouco tempo. E acho meio perigoso um partido recém-criado, que não é nem de esquerda, direita ou centro (o que no meu entendimento significa: "só quero estar no poder, quero só ser uma máquina eleitoral") propor uma nova constituinte, que seria realizada em 2014. O que esses caras, que são de um partido que não possuem ideologia, iriam propor? Política é um jogo que é jogado a base da canetada. É uma parada estranha, em que as regras e os jogadores mudam o tempo todo durante o jogo, ao que parece, pra favorecer uns ou prejudicar outros. Em outro post falo mais do PSD.

* Mais sobre o PSD aqui.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Vozoteca em São Paulo



"O jornalista Luiz Ernesto Kawall explica como teve a ideia de criar uma vozoteca com variados registros sonoros em sua própria casa, em São Paulo. O acervo será doado para um instituto vinculado à USP (Universidade de São Paulo). Kawall possui depoimentos, discursos, canções antiga e outros tipos de áudios raros de personalidades como Getúlio Vargas, Fidel Castro, Alberto Santos Dumont, Carmen Miranda, Adolf Hitler e Monteiro Lobato, entre outros."

Reportagem: Márcio Padrão, do BOL
Imagens e edição: David Goldberg

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A história da relação entre o carnaval e o poder público

* Esse texto foi feito para a disciplina Projetos Experimentais 4, da Estácio de Sá, Curso de Comunicação Social – Jornalismo. Ele é a continuação do post anterior; Para ver o trabalho completo e diagramado é só clicar aqui;

Sobre a origem do carnaval
No ano de 604, o papa Gregório I determinou que os fiéis deveriam deixar de lado a vida cotidiana para se dedicar à vida espiritual durante 40 dias ao ano, como fez Jesus em sua peregrinação do deserto. Criou-se assim a Quaresma, em que o consumo de carne vermelha era proibido e a abstinência, o comedimento e a temperança eram incentivados. Em 1091 o papa Urbano II decretou a data oficial do período, que começaria com a Quarta-Feira de Cinzas e duraria até o domingo de Páscoa.

Na véspera da Quarta-Feira de Cinzas, as pessoas então começaram a se esbaldar nas carnes que não poderiam comer durante a quaresma. Faziam isso com festas, cantando, dançando e bebendo. Na Itália esse período era chamado de dias da “carne vale” ou do “carnevale”. Assim, nessa época as pessoas tomavam as ruas fazendo tudo que não podiam fazer durante a quaresma. Felipe Ferreira no livro O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro diz que as pessoas brincavam essas festas cada um a sua maneira.

Nesse primeiro momento, o Carnaval não é uma festa diferente das outras que aconteciam durante o ano, com seus excessos e descontroles. O que dava o caráter especial ao Carnaval, o que o distinguia das outras festividades, era a grande concentração de brincadeiras num mesmo período, a proximidade com a longa abstinência da Quaresma e o fato de a coisa toda ter dia e hora marcados para acabar, pois à meia-noite da Terça-feira Gorda – ou seja, ao primeiro minuto da Quarta-feira de Cinzas – tudo terminava e o mundo parecia reencontrar seu eixo”, escreveu Ferreira. A pesquisadora Martine Grimberg definiu no livro Carnavals et masquerades que “o Carnaval, antes de ser uma festa, é uma data”. A igreja, apesar de preocupada com os excessos da população nesse período, aceitava essas liberdades em troca delas seguirem a temperança da quaresma.

Ainda segundo Ferreira, a maioria das brincadeiras dessas pessoas contava com pessoas mascaradas e fantasiadas, como nas festas pagãs. Por volta do séc. XII estudiosos e pesquisadores começaram a escrever peças teatrais e contos humorísticos da briga entre o Senhor Carnaval, que tem os mais pobres ao seu lado, e a Dona Quaresma, que conta com o apoio dos ricos, grandes proprietários e da igreja. Ao longo do tempo, o Carnaval foi assumindo uma posição cada vez mais libertina e a Quaresma ficando mais magra e ossuda. De certa forma, é essa briga entre a libertinagem e a disciplina, que vai se estender por toda a história do Carnaval.

Em cada cidade, haviam grupos carnavalescos reunidos por idade, profissão ou interesses na folia. Essas turmas passaram a se chamar de sociedades alegres e se tornaram o padrão do carnaval da Idade Média. Cada vez mais organizados, passaram a cobrar taxas para organizar o desfile. Parte dessas taxas eram repassadas ao governo das cidades, que passaram a dar o aval oficial a essas festas. Em 1475, na Alemanha, ocorre o primeiro desfile de um carro alegórico que se tem notícia.

Durante a Renascença os nobres começaram a participar mais ativamente do Carnaval, financiando os desfiles e compondo versos para serem cantados pelos foliões. Eles vestiam luxuosas fantasias e saiam em grupos, como a Brigada dos Galés ou a Brigada das Flores. Até artistas como Michelangelo participaram do Carnaval executando as alegorias pensadas pelos nobres.

Depois do Renascimento, as festas foram ficando cada vez mais comerciais. As cidades tinha interesse em atrair os visitantes que queriam participar das comemorações. Bailes cada vez mais suntuosos são organizados para refletir o luxo das cortes européias e o Carnaval foi se tornando cada vez mais ritualizado e menos espontâneo. Bailes de máscaras, leituras de poesias e duelos se tornaram o Carnaval “oficial”. A festa de rua continuava a mesma bagunça, chegando a ser violenta. Segundo Ferreira, entre 1741 e 1763 o povo rechaçou a pedradas as cavalgadas e bailes de máscaras da nobreza da cidade francesa Salonde-Provence. Mas não era sempre assim. Em algumas cidades o povo se unia a nobreza para realizar os desfiles, até mesmo com a participação de africanos que acompanhavam o cortejo tocando tambores. Foi nessa dicotomia, entre o popular e o elitismo que o Carnaval foi se transformando ao longo do tempo.

O começo do Carnaval no Brasil
No Brasil, o Carnaval era como o de Portugal e consistia em diversas festas populares. Havia a folia-de-reis, procissão com caráter religioso, e os entrudos, que eram brigas de água, pó, cinzas, perfumes e todos os tipos de líquidos, além de brincadeiras como servir sopa cheia de pimenta, colar uma moeda no chão para as pessoas tentarem pegá-la em vão ou bezuntar escadas e maçanetas com líquidos escorregadios. Havia também queima de bonecos na véspera da Quarta-feira de Cinzas. Há relatos que havia entrudo em terras brasileiras já em 1553.

A maioria dos jogos de entrudo consistia basicamente em brigas de líquidos, pós e limões-de-cheiro (espécie de bola de cera recheada com líquidos). Havia os entrudos “familiares” praticados de dentro das casas pela elite econômica e os “populares”, feito pelas pessoas mais pobres e pelos escravos. Só os patriarcas das famílias eram poupados da bagunça. Havia também uma hierarquia a ser obedecida. Escravos não podiam jogar líquidos contra seus patrões, assim como escravos menos influentes não podiam tacar coisas contra os mais influentes. O contrário era permitido. Os jovens também aproveitavam os períodos de entrudo para o flerte menos formal, tocando os ombros e até o colo (ousadia das ousadias) das moças, como diz Machado de Assis no conto Um Dia de Entrudo.

Durante os “entrudos populares” os escravos jogavam qualquer coisa que tinham em mãos, inclusive urina e fezes, que carregavam para serem jogadas no mar. Alguns praticavam o ofício de fazer limões-de-cheiro e assim, ganhar algum trocado.

A chegada da Família Real muda o Carnaval brasileiro
De acordo com estudiosos, antes da vinda da Família Real portuguesa para terras brasileiras, os escravos africanos faziam suas festas e cerimônias para celebrar sua cultura e seus deuses junto com o restante da sociedade, que também tinha a suas procissões na época do Natal. Essas festas eram chamadas de “Festa de Congos” ou “Congadas”.

Mas com a chegada da realeza, em 1808, esses escravos foram proibidos de continuar com seus desfiles no Campo de Santana e em qualquer rua do Centro da cidade. Segundo as autoridades da corte, não ficava bem para a cidade que era a capital do reino português a reunião de milhares de negros promovendo “algazarra”, mas, na realidade, elas temiam que os negros acabassem se unindo contra o regime da escravidão.

entrudo

Restaram então aos negros, escravos e libertos, aproveitarem a confusão dos dias de folia para promoverem as cerimônias de coroação de seus reis e os desfiles de séquitos reais africanos pelas ruas do centro da cidade. Assim, todos os povos de origem africana (angolas, congos, moçambiques, gêges, iorubás, cabindas) promoviam o desfile de seus próprios reis. Essas procissões partiam das igrejas de cada irmandade e seguiam para o palácio do governo, na atual Praça XV, passando pela rua do Ouvidor.

No começo do século XIX, a sociedade influente se mobilizou pela imprensa e pela polícia contra os entrudos. Em 1831, a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro fez um estudo para apontar os males do entrudo para a saúde pública. Em 1832, a Câmara Municipal de Cidade de Desterro (atual Florianópolis) publicou um ofício que proibia o jogo de entrudo nos limites do município. Quem participasse do jogo levaria uma multa, se fosse cidadão, ou levaria 50 açoites, se fosse escravo. Dentro das casas, no entanto, a brincadeira familiar continuava permitida.

Apesar das proibições, das ameaças e das campanhas, o governo não conseguiu evitar que as pessoas fossem para as ruas brincar de entrudo. A alternativa para a algazarra veio com a burguesia, que importou o Carnaval elitista praticado na Europa, mais especificamente o da França. Assim, chegou o baile de máscaras chegava ao Brasil. Isso ocorreu por volta de 1840.

Como conta Felipe Ferreira, os bailes eram eventos sofisticados com regras rígidas de comportamento. Orquestras eram responsáveis pelas músicas. Era a oportunidade perfeita para os “novos ricos” se exibirem diante de toda a sociedade. Começaram a surgir lojas de fantasias. Aos poucos, como aconteceu na Europa, o termo “Carnaval” foi sendo usado pela imprensa para designar somente os bailes nos salões, enquanto “Entrudo” era a baderna na rua.

entrudo - debret

Esses alegres eventos foram as primeiras tentativas que a elite brasileira faria para substituir a brincadeira do Entrudo, considerada antiga e grosseira, por uma festa mais galante e adequada à nova posição que o Brasil pretendia ocupar entre as nações do mundo civilizado”, escreveu Ferreira.

Em 1855, foi criado o Congresso das Sumidades Carnavalescas que basicamente consistia em um desfile de nobres que iam de baile em baile para brigar usando “buquê de flores” e “confetes” com quem estava nessas festas. Era a ocupação da elite das ruas da cidade durante o Carnaval. De acordo com jornal Correio Mercantil, isso seria uma espécie de educação das massas sobre o que realmente era o período carnavalesco.

O uso de máscaras em lugares públicos, no entanto, era proibido por questões de segurança. Mas isso não impediu o desfile do Congresso. No ano seguinte, duas novas 'sociedades carnavalescas' desfilaram pelas ruas da cidade: O Clube Carnavalesco e a Sociedade Carnavalesca União Veneziana. Depois, várias outras cidades brasileiras ao longo dos anos tiveram suas próprias agremiações desse tipo. Aos poucos, elas ganharam seu espaço no Carnaval e o Entrudo foi perdendo a força, mas ainda estava presente e era alvo de reclamação.

Segundo o livro Rancho - Estilo e Época, “Neste ano (1885), a imprensa, liderada pelo jornal 'O Paiz', dava ressonância aos reclamas de camadas sociais influentes e abria campanha contra o entrudo. A polícia o reprime, e põe fim ao arremesso de baldes d'água, limões-de-cheiro e farinha de trigo sobre passantes, nos dias de carnaval”. Hoje em dia, a briga da imprensa contra o Carnaval consiste em atender a reclamação de moradores quanto ao trânsito caótico e foliões fazendo xixi nas ruas.

A volta da popularização do Carnaval
A classe-média começou a imitar os desfiles da elite e as sociedades carnavalescas se multiplicaram. Os mais pobres e os negros também se identificaram com os desfiles, pois eles tinham suas procissões religiosas, na qual usavam fantasias. Por causa disso, ocorreram brigas pelas vias do Centro da cidade, onde haviam os desfiles. Como ocorre hoje, várias agremiações queriam sair nos mesmos lugares e no mesmos horários, o que causava extrema balbúrdia. A imprensa começou a sugerir dicas de organização de passeio, mas o poder público nada fazia. As autoridades resumiam as suas atividades em reprimir o Entrudo.

As sociedades carnavalescas passaram a fazer uso de carros alegóricos puxados por cavalos. Para se destacar de outras sociedades, em 1875, os Tenentes do Diabo desfilaram com 253 carros. Como se pode ver, essa competição entre as sociedades complicava ainda mais o Carnaval, que havia se sofisticado para ser menos bagunçado. De olho nos lucros, os comerciantes, ao contrário de hoje em dia, brigavam pelo direito de suas ruas sediarem desfiles. Eles inclusive ornamentavam as ruas para atrair as sociedades carnavalescas. Hoje, a arrumação cabe somente ao poder público, ou pela empresa que quer patrocinar o Carnaval. Seria interessante se a prefeitura incentivasse que a própria sociedade civil se organizasse para enfeitar as suas ruas para a folia.

sociedade - tenentes fenicianos

Depois da passagem da última sociedade, começava a debandada [das ruas]. Enchiam-se os teatros e os salões das sociedades e o regresso aos lares longíquos tornava-se um problema. Os bondes subiam com gente até a tolda, e o desfile a pé por essas ruas era lento”, escreveu Coelho Neto na Revista Ilustrada de 18 de fevereiro em 1888. Bem parecido com o que ocorre hoje em dia, quando os transportes públicos ficam lotados. No Carnaval de 2010, a estação do metrô da General Osório, em Ipanema, fechou as portas por algumas horas por causa do excesso de passageiros.

Com a bagunça cada vez maior do Carnaval no final do século XIX, o entrudo ganhou força novamente. Os negros, agora libertos, também tinham maior liberdade de se expressar (mas a polícia ainda reprimia algumas de suas manifestações culturais). A elite quis mudar então o local dos desfiles, do Centro para Botafogo, que era longe dos desfiles populares. Mas não teve sucesso. A folia carioca ficava cada vez mais popular. Algumas sociedades carnavalescas, como o Clube Democráticos, chegaram a ameaçar não desfilar por causa da confusão. Ameaça esta que não foi cumprida. Pelo menos não imediatamente. Aos poucos, com a popularização do Carnaval, essas agremiações foram desaparecendo da folia, mas não antes de desfilarem na av. Central (hoje av. Rio Branco) sob olhares de populares em palanques que eram construídos temporariamente para o Carnaval, numa espécie de pré-Sambódromo.

Para piorar o quadro, surgiram os ‘Zé Pereiras’. A origem dessa manifestação foi com um português, José Nogueira, que desfilou pelas ruas do Rio batendo um grande bumbo. Diz-se que essa prática já ocorria em Portugal. Outros foliões começaram a imitar o lusitano e logo a cidade estava cheia de Zé Pereiras. Nessa mesma época, os chamados ranchos ganharam força.

As festas negras ganham força
Como diz o livro Rancho - Estilo e Época, “Situar a origem dos ranchos, no tempo e espaço, é correr o risco da imprecisão, mas a maior parte das informações disponíveis aponta como berço o atual Morro da Conceição no bairro da Saúde. Ali, na localidade conhecida como Pedra do Sal, reuniam-se pretos e mulatos baianos, depois do trabalho na estiva, para reviverem seus cantos, suas histórias, danças, ritos e outros traços da cultura baiana, resultante de um largo processo de sincretismo afro-ameríndio”.

congadas - debret

De acordo com a publicação, os ranchos por serem uma espécie de continuidade dos pastoris (manifestação religiosa mais primitiva), tinham influência totêmica em seus nomes (Flor do Abacate, Recreio das Flores, Rouxinol, Flor da Lira, Lírio Clube, Recreio do Jacaré), nas cores, nas danças negras e em seus símbolos (que eram desenhos de animais e plantas). Eram manifestações inicialmente mais simples, ao contrário das sociedades carnavalescas, que eram mais sofisticadas.

Em todo desfile dos ranchos, as Tias (como a famosa Tia Ciata) eram homenageadas pelos negros. Era na casa delas que eles faziam suas festas, seus sambas, que eram proibidos pela polícia. Com o tempo, os ranchos se sofisticaram e passaram a ser aceitos pela sociedade. Faziam desfiles pela av. Central e passaram a entrar oficialmente no calendário da folia carioca. Ao competir por melhores desfiles, os organizadores dos ranchos passaram a recorrer aos artistas da sociedade. Pintores famosos executavam trabalhos nos carros alegóricos dos ranchos, como Michelangelo fez muito tempo atrás.

Por causa dessa profissionalização do desfile, a imprensa passou a apoiar os seus desfiles e realizar concursos de melhor alegoria, enredo, dentre outras categorias. Segundo o sambista Nei Lopes, no livro O Samba na realidade..., explica que o rancho carnavalesco Ameno Rosedá (1907-1941) foi “quem primeiro levou o carnaval-espetáculo às últimas consequências, pois nasceu para representar ‘óperas ambulantes’, inclusive com coro e orquestra, buscando para tanto a contribuição da fina flor dos artistas e intelectuais da época, por pretender deliberadamente (e numa clara busca de ascensão social por parte da maioria de negros e mulatos que o compunham) uma ruptura com as tradições populares”.

Com a urbanização do Centro da cidade no começo do século XX, os ranchos sofreram um duro impacto, pois muitos negros tiveram suas casas demolidas para a construção da futura avenida Presidente Vargas. Assim, alguns ranchos perderam parte de suas raízes e laços familiares. Mas, com o aval do poder público, essas agremiações, como as ‘sociedades carnavalescas’ passaram também a desfilar na av. Central. Isso foi o início de seu fim.

De acordo com o livro Ranchos, estilo e época, “o que contribuiu para a lenta descaracterização e gradual perda de prestígio popular foi a oficialização dos desfiles. Os ranchos, além da contribuição dos sócios, passavam o livro de ouro entre comerciantes e populares, arrecadando dinheiro para investir na confecção e armação de seus desfiles. A oficialização inibiu esse recurso, já que o poder público acenou com apoio financeiro, que nem sempre chegava, devido a entraves burocráticos”.

Como foi lembrado por Eneida de Moraes no livro História do Carnaval Carioca, o presidente do rancho ‘Aliados de Quintino’, Radamés D’Ávila, em entrevista aos jornais, em 1957, disse que “a subvenção que a prefeitura dá aos ranchos, mas que é paga no Carnaval do ano seguinte, mal chega de ano para ano, para as despesas com os ensaios e o desfile no dia do certame”.

O fundador dos Decididos de Quintino, Waldemar Pereira, disse ao Jornal do Brasil em 04/02/78: “Rancho acabou quando começou a oficialização. Antes havia o Livro de Ouro, quem financiavam eram o povo e os comerciantes”. Ele explicou também que o Carnaval era divertimento das famílias e das comunidades. O primeiro desfile dos ranchos, no domingo de carnaval, ocorria nos bairros que surgiram, e no dia seguinte, na avenida.

ranchos

Por volta de meados do séc. XX, cada vez mais pomposos, os ranchos começaram a perder lugar para as escolas de samba, que na época eram agremiações carnavalescas mais simples. Um dos poucos ranchos que ainda desfilam hoje é o ‘Flor do Sereno’ em Laranjeiras, criado para resgatar essa tradição do carnaval carioca.

Assim diz Nei Lopes, citando Francisco Duarte, sobre a Deixa Falar (que depois viria a se tornar a Escola de Samba da Estácio): “No chão, o Bloco Carnavalesco Deixa Falar tomava formação de um rancho, com origem nos sujos ou embaixadas de então. Se os sujos eram a desordem e a briga, e o rancho o máximo em dança e coreografia disciplinada, o novo tipo de sociedade negra valeu-se de três elementos intermediários para alterar esse quadro de extremos: a dança espontânea, o canto das baianas e a nova harmonia dos sambas criados no Estácio. Com a dança espontânea e desinibida dos sambas de roda, mistura da improvisação dos lundus e sambas de umbigada com passos dos batuqueiros, eles se contrapunham à coreografia rígida dos ranchos e davam mais mobilidade ao desfile. O canto das baianas substituía o coro das pastoras, sustentando os estribilhos dos sambas de partidoalto enquanto os tiradores ou improvisadores aguentavam no gogó o canto para a harmonia do desfile”.

Esse tipo de agremiação passou a atrair atenção da mídia, que organizou concursos. Depois, com a profissionalização cada vez maior, os terreiros deram lugar à quadra de escola de samba. Os sambistas começam então a flertar com as classes mais favorecidas e com o Estado, criando sambas-enredo com temas nacionais e ufanistas, conforme o gosto dessas elites. Isso interessava ao povo do samba, pois com o aval do governo, a polícia parou de persegui-los. Órgãos do governo passaram a organizar os desfiles e os concursos, ditando os regulamentos que tinham que ser seguidos por essas agremiações.

Segundo a publicação, em 1962 os órgãos de turismo fecharam parte da avenida Rio Branco e instalaram arquibancadas em frente à Biblioteca Nacional e cobraram ingressos para o desfile das Escolas de Samba. Ainda segundo o livro, em 1970, a pretexto de acabar com os atrasos, esses órgãos limitaram o tempo de desfile de cada escola. Nesse mesmo ano, a televisão, que antes tomava apenas algumas cenas do desfile, passou a transmiti-lo integralmente.

Em novembro de 1975, as 44 Escolas de Samba assinaram um contrato de prestação de serviços que as obrigava a participar de todas as atividades programadas pela Riotur mediante a remuneração que era dividida entre os participantes. As agremiações recebiam 28% da renda do espetáculo, a Associação das Escolas de Samba, 12% e a Riotur, 60%. Em 1984, o governador Leonel Brizola criou o Sambódromo e tirou as Escolas de Samba das ruas.

Durante o século XX, continuou haver na cidade outras manifestações de folia, como os afoxés, e surgiram outros, como os blocos de embalo e de empolgação, que muita gente entende hoje como bloco de carnaval de rua, como o Carmelitas e o Cacique de Ramos.

Podemos ver então, como o poder público e a imprensa podem interferir, ajudar e prejudicar de diversas formas o Carnaval de rua carioca. Eles podem simplesmente reprimir, como o ocorreu com o Entrudo. Ignorar, como houve com as Sociedades Carnavalescas. E oficializar, o que pode ajudar a suprimir, no caso dos Ranchos, ou capitalizar, como foi o caso das Escolas de Samba. Resta saber qual vai ser o caso dos blocos de carnaval de rua do Rio de Janeiro.

* todas as imagens são do Debret ou são fotos tiradas da internet;