quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pelé e Bobby Moore

[caption id="attachment_394" align="alignnone" width="360" caption="foto de John Varley"][/caption]

mais sobre a foto aqui.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

votar é uma novela

Chuvinha e eu achei que era rápido e não levei o guarda-chuva. Cheguei na seção e tava uma fila tremenda da porta pra fora, a máquina da 54 tava dando defeito.
- É essa a sua seção?
- Pior que não lembro, acho que é sim.

Só tinha levado a identidade mesmo, pela primeira vez. Os velhinhos começaram a entrar pra fugir da chuva e eu me abriguei debaixo do guarda-chuva de uma mulher. Apareceu uma senhora meio motoqueira atrás de mim e ficamos conversando.
- Sempre dá problema nessa seção eleitoral, quando era no Lestonnac não dava problema.
- Acho que é a primeira eleição que não faz sol forte.
- Pois é.

Aí chega um cara e a filha dele sem guarda-chuva tambem e começamos a conversar.
- Fila, chuva, e pra mudar nada né?
- Só pra Dilma ganhar em primeiro turno.
- Pois é.
- Podia ter pelo menos o segundo turno
- E é impressionante como não tem candidato bom pra senador no Rio
- Em São Paulo tem candidato a presidente se candidatando a prefeito e aqui, nada.
- Nem vão lá, nem frequentam...
- Já viram o site transparencia brasil? Lá eles falam tudo, quantas faltas tiveram, o que fizeram...
- Mas e tem punição pra quem falta? Não tem...
- É, em SP o Netinho é campeão de faltas e vai se eleger senador.
- Viu só?
- Mas pra deputado tem até uns que se salvam.
- É

Ninguém entra no mérito dos políticos do Rio, acho que pra não ter atrito.
- Impressionante como não tá tendo boca de urna, na última eleição isso aqui tava repleto de santinho.

Aí nisso a mulher cujo guarda-chuva tava abrigado entra no prédio e eu fico de fora, aí me abrigo debaixo do da motoqueira (ela tá com camisa preta de caveira, lobo, sei lá, e bandana...). Volta e meia vem a mesária orientar a fila.
- A seção 55 é só entrar, tá tudo normal, só fica na fila quem é da 54.

E os da 55 entrando e os velhinhos entrando. aí passa o seu Marcos, meu vizinho, ele entra direto. Os idosos ficam na lá dentro pra não terem de ficar na chuva... e tem idoso pra caramba.
- Tá tudo bem aí?
- Tudo, na paz de deus.

O pai com a filha ficam conversando, ele sugere ela se voluntariar como mesária, ela diz que não quer. aí ficam um tempo sem falar nada e a gente percebe que o "paz de deus" e um de trás tão falando de futebol."Esse aqui tá revoltado de estar atrás de um vascaíno", caçoa o "paz de deus" pra gente. "Ih, então vai ficar mais revoltado ainda, porque eu sou vascaíno tb", diz o pai. "E minha filha também é".
- Então são 3. Vai ficar mais revoltado ainda.

“Então são quatro, pq eu tambem sou", digo. Aí nego começa a brincar com ele e eu zoo:
- Atrás na fila e na tabela do brasileiro.
- Pois é, tá foda.

"Mas olha, vou te contar uma coisa", diz o pai:
- Eu trabalho pruma empresa ligada a futebol e dia desses fui numa reunião no flamengo é foi chato ver o descaso... a taça suja (acho que uma taça que o zico ganhou pro flamengo), sem cuidado, os membros do conselho todos bonachões... foi triste.
- É, isso que mata o futebol.

Começam falar do morumbi e eu entro. A mesária fica andando de um lado pro outro. Cada hora é solicitada por alguem. Um cara lá demora horas pra votar e quando é a hora da mulher na minha frente votar, aparece uma velhinha passando mal...
- Deixa ela passar na frente?
- Claro, sem problemas

Aí aparece uma mulher com um bebê recém-nascido. Ele tava encoberto em uma manta. É uma gracinha. Ela também passa na frente da mulher que ia votar. Um cara que tava coordenando a fila dá a dica:
- Gente, todo mundo tem a cola? Pq um colega de vocês esqueceu o número de um candidato e quis começar o processo tudo de novo. A máquina já não tá boa e quando começou o processo demorou mais ainda
- Pq não anulou? Ou votou na legenda?
- Ele queria votar no candidato que ele escolheu.

“Se ele queria tanto votar no candidato que escolheu pq não fez a cola", reclamou um lá. Nisso uma velhinha que tava sentada vai reclamar com a mesária, acha que tão pulando na frente dela. Ela então volta pra fila na chuva pq não quer mais ficar junto com outros prioritário. Saí a mulher na minha frente vai votar e eu vou ver afinal se minha seção é mesmo a 54.
- Seu nome não tá aqui não.
- Ih, então é a 55 mesmo

Aí vou lá e em três tempos eu voto.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Divagações sobre os gibis da Marvel e DC de hoje em dia

Os gibis da Marvel e da DC hoje em dia são recortes dos mesmos personagens fazendo as mesmas coisas com as mesmas pessoas. Variam apenas a visão do roteirista, desenhista e do editor sobre ele. É como alguém disse uma vez: só existe duas histórias de amor no mundo (Romeu & Julieta e mais uma outra que não lembro qual é). Todas as outras histórias que vieram depois seriam versões dessa mesma história. Assim nós temos “X-Men por Warren Ellis / Grant Morrison / Josh Whedon” e não mais "Os X-Men". Isso sempre rolou na verdade, mas acho que não tinha tanta força quanto hoje em dia. Lembro quando havia "os Vingadores/Quarteto Fantástico de John Byrne".

Só que na época eu encarava como evolução, cada autor levava a história um pouco adiante e havia mudanças nos personagens. Acho que isso ainda rola, mas ando meio de saco cheio, pra falar a verdade. Parece uma "johnbyrneização" da Marvel e DC. Parece que o esquema se tornou mais profissional, que pegaram uma fórmula que tava dando certo e levaram adiante. Já lançam pensando nos "trade paperbacks" daquela série.

A pergunta que fica é "quantas vezes as mesmas histórias dos mesmos personagens pode ser contada sem que o leitor encha o saco?". Mas isso talvez seja feita só pelo leitor veterano, já que as constantes reformulações podem ser uma forma de atrair novos leitores ou conquistar a leitura de quem acabou de começar a ler gibi.

Eu nem sou contra histórias malucas nas cronografias oficiais dos gibis, tipo Frankencastle (quando o Justiceiro morreu e foi ressucitado como um Frankenstein) porque comecei a ler gibis da Marvel na época da saga Inferno.  Era um gibi do Homem-Aranha. Aí é aquela mistura entre "homem que ganhou poderes por causa de uma picada de uma aranha radioativa" com misticismo. Então pra mim tá valendo tudo em gibi, ou quase tudo.

Eu lia gibis desenhados pelo Rob Liefeld e me amarrava. Tinha uma história dele, com o Wolverine lutando contra o Selvagem que era bem bacana. Eu curtia os desenhos dele (mas também não me ligava tanto em anatomia). Curtia as hachuras e todo mundo puto o tempo todo. Pirava nos desenhos do Jim Lee (até fui numa convenção de quadrinhos no Sesc da Tijuca que ele veio, apertei a mão dele e tudo... fiquei com a mão tremendo depois hehe) e só dia desses fui reparar como ele desenhava perna mal. Nunca fui de reparar em anatomia. Curtia o Cable a a história dele e nunca entendi a raiva que certos leitores de quadrinhos tinham dele. Consideravam ele como o símbolo do que tinha pior nos anos 90, junto com o Venon e com o Carnificina. Eu curtia o Venon também. Tinha gente que achava ele um personagem forçado mas porra, todos os personagens de gibis são forçados.

Aí parei de ler gibi por uma época (lá pela Era do Apocalipse). Fiquei nos RPGs, mas sempre procurava me manter informado sobre o que andava rolando. Lia os sites especializados como o Omelete e o UniversoHQ.

O UniversoHQ sempre foi das antigas. Sobre o Omelete, eu me lembro quando ele tava começando. Eu era de uma lista de discussão por e-mail (Falkenbras, sobre Castelo Falkenstein) quando um dos "criadores" chamou um cara lá pra escrever sobre quadrinhos pra fortalecer o Omelete. Nem sei se ele aceitou. Acho bacana ver o Omelete do jeito que tá hoje, com OmeleteTV e bonitão, cheio de colunistas. Mas talvez tenha ficado bem grande, antes eu lia sobre música lá, como a Poison On The Rocks que fui ler dia desses e nem curti tanto assim...

O Mendigo e o Abestado

Tava lendo um livro de yoga, como volta e meia faço (pra ver se aprendo -  mas as vezes parece aquelas brincadeiras de criança, de encaixe, que o quadrado vai no quadrado, só que tento colocar o círculo no retangulo e nada funciona) e em vez de ler o nome certo do capítulo (O Mendigo e o Abastado, que fala como os pobres de espírito são os verdadeiros miseráveis), li o Mendigo e o Abestado, acho que por influência do Tiririca.

Essas eleições foram fodas. Tá rolando pra presidente ainda, mas o grosso dela já acabou. Cobri parte da campanha pelo jornal (to trabalhando no Destak) e vi que nego tá pouco se fodendo pro povo em período eleitoral mesmo. O lixo de propaganda eleitoral passou o lixo recolhido no domingo de carnaval. A campanha do Cabral foi mais milionária que dois dos principais candidatos a presidente. Candidatos deixavam os galhardetes nas ruas depois das 22h, o que é proibido. Propaganda irregular a rodo. Rodrigo Bethlem, cujo mote era "choque de ordem" era um dos campeões em propaganda irregular e foi eleito.

E pode isso, Bino?

Poder não pode, mas tão pouco se fodendo. Quando liguei pra campanha do Bethlem pra perguntar sobre o porque de tanta publicidade ilegal, me vieram com um "só porque ele foi secretário do choque de ordem? O Pedro Paulo tem placa a rodo por toda a cidade". O Pedro Paulo TEM (ou tinha) placa a rodo por toda a cidade - ele tava mais onipresente na campanha do que quando tava na Casa Civil da prefeitura - mas era ÓBVIO que o Bethlem não podia ter placa irregular (ou ser um dos campeões do TRE-RJ no número de placas irregulares). Seria a mesma coisa se a Marina cagasse pro meio ambiente ou o Lula sobretaxasse os pobres. Mas o Bethlem tá lá, eleito.

Tinha o Itagiba também, cujo slogan era "Vote contra ladrão / Vote contra corrupto", mas ele tinha problemas com a receita federal. Um cara desses tinha que ser idôneo. Ele ainda não foi eleito, mas dependendo do julgamento de casos ficha-suja, o quociente eleitoral pode mudar e ele acabar eleito. Amigos meus disseram que iam votar nele porque ele mata ladrão... meio idiota isso. Fora que ele deixava propaganda na rua depois das 22h, dentre outras coisas (mas essa última denúncia não conta, porque os políticos logo a descaracterizam por ela estar ligada a "cabos eleitorais" de outro candidatos).

Sabem o que acontece com a propaganda eleitoral irregular recolhida? Vai para o depósito do TRE e depois é reciclada. O dinheiro recolhido com a reciclagem então é distribuido entre os partidos políticos. Bacana né? O Rio gasta dinheiro limpando a cidade e o dinheiro volta pros próprios caras que poluiram ela. E vem os partidos dizendo que querem o melhor pra cidade... se fosse isso proibia que o dinheiro voltasse pros partidos. Começavam por isso.

A família Picciani foi campeã de propagandas irregulares. Dos candidatos a governador, o Cabral foi o campeão no Rio (óbvio). O caminho para a região serrana tava REPLETO de propagandas do governador por todos os cantos. Acho que nego votou nele sem saber que tinha outro candidato. A campanha do Gabeira apontou algumas irregularidades na campanha e Cabral lavou as mãos.

O que eu achei foda foi por o Cabral ter se elegido em primeiro turno, ele acha que o governo dele tá indo nos conformes e vai dar continuidade em políticas que ganham votos mas não são tão excelentes quanto ele anda vendendo, como as UPPs e as UPAs. Eu curto algumas coisas no governo dele, como a reestruturação financeira do Estado que permite o Rio voltar a fazer investimentos em algumas áreas ou a reestruturação da Cedae e de outros órgãos estatais, como o Detran. Mas acho as UPPs e as UPAs um arcabouço político que tem que ser só temporário, não permanente como ele tá pregando. Que a polícia vá lá, expulse ou dome o tráfico, que se coloque políticas sociais ali pra nego evitar de ir pro crime e depois migre pra outra comunidade e faça a mesma coisa.

Na real eu não sei se o Rio está se tornando um Estado policial ou se essa formação desse bando de agente para compor as UPPs só tá agindo para repor as forças que tavam em falta. Mas sei que essa pressa na formação de agente tá equivocada, porque o que se vê por aí são agentes  completamente despreparados para as ruas. Fora que anda rolando os arrastões na Zona Sul e a Baixada virando (mais ainda) terra de ninguém. Aqui perto de casa voltou a ter assalto de bicicleta, em que fica um carinha circulando de bicicleta arrancando os cordões do pescoço das senhoras. E olha que tem UPP aqui do lado. Fora que o salário dos PMs continua uma porcaria, fazendo eles procurarem bicos por aí.

Cabral não pode encarar essa reeleição no primeiro turno como um cheque em branco da sociedade. UPPs e UPAs são um arcabouço político foda de se manter (talvez necessários, pois como o próprio governador disse, nenhuma política social se mantem se não houver segurança). Fora o custo financeiro, como o Bilhete Único, que o Estado banca a metade do que é gasto. Como vai rolar fiscalização de que as empresas de ônibus não tão roubando parte dessa grana? Vai ter? Esses gastos vão estar abertos? Vai ser tudo transparente?

Eu tinha mais coisa pra falar (como a REFORMA do Maracanã vai custar mais que a CONSTRUÇÃO do estádio do Corinthians?) mas se eu continuar vou ficar o dia inteiro... mas não preciso continuar o dia inteiro, eu continuo em outro post, outro dia.