sábado, 25 de outubro de 2014

biografia sobre o Jorge Ben Jor no site dele

Tirei tudo daqui.

 Vida e Obra de Jorge Ben Jor

Sem bula explicativa e sem contra-indicações, assim é a obra de Jorge Ben Jor. Ele se interessou pela música quando a bossa nova ainda dominava o cenário artístico brasileiro e mundial. Como a maioria dos adolescentes daqueles tempos, seu ídolo era João Gilberto, cuja voz coloquial despertava sua admiração. Mas Jorge Menezes, conhecido no mundo inteiro como Jorge Ben Jor passou a infância ouvindo Luiz Gonzaga e Ataulfo Alves. Em casa seus pais falavam de um certo Nelson Gonçalves que era crooner da orquestra de Severino Araújo. Ainda desta época lembra uma voz em especial, Cauby Peixoto que um dia, décadas depois, viria a gravar uma de suas canções, Dona Culpa Ficou Solteira.

Jorge Ben Jor explodiu com a música Mas Que Nada e logo em seguida ratificou seu talento com outro grande sucesso, Chove Chuva. Duas canções que nada tinham a ver com a bossa nova, nem com o samba tradicional. Os puristas achavam que sua música era moderna demais. Era difícil para os músicos da época acompanhá-lo, tanto assim que seus primeiros discos foram gravados com um conjunto que tocava jazz no Beco das Garrafas, o Meireles e os Copa 5.

       

Assim desde o início de sua carreira Ben Jor mostrou-se inovador. Como compositor, cantor, músico, bandleader e arranjador Ben Jor é único. É impossível classificar sua música e seu balanço, que são inconfundíveis. Mas “esse samba que é misto de maracatu”, marca registrada de Jorge Ben Jor, encontrou espaço no mundo todo e tornou-se sucesso universal. Ele é a única unanimidade brasileira. Respeitado e acolhido com respeito, por todos os artistas, em todos os movimentos musicais, desde o pós-bossa nova até nossos dias. Artistas remanescentes da bossa nova, como o Tamba Trio, Pery Ribeiro e Walter Wanderley gravaram Mas Que Nada e outras composições suas. Mas Que Nada foi a única música em português a alcançar o primeiro lugar entre as músicas mais tocadas nos Estados Unidos em todos os tempos.

       

Na época do início da MPB, Jorge transitava como intérprete, pelos programas Fino da Bossa, comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues, Jovem Guarda, de Roberto Carlos e O Pequeno Mundo, de Ronnie Von. Eram terrivelmente antagônicos. Um artista que participava de um desses programas, imediatamente era proibido de cantar nos outros. A única exceção sempre foi Jorge Ben Jor. E quando a tropicália aconteceu como o mais inovador movimento artístico musical de nosso país, qual foi o único artista já consagrado que foi convidado e participou dos acontecimento? Ele, é claro, Jorge Ben Jor, presença obrigatória também no programa de televisão Divino Maravilhoso, apresentado pelos baianos Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa e dirigido por Fernando Faro e Antonio Abujamra.

Da mesma forma e desde o final dos anos 60 até hoje, Jorge é o único compositor a ser gravado por artistas de todas as correntes musicais. Mas Que Nada está registrada nas vozes de Ella Fitzgerald, Dizzie Gilespie, Julio Iglesias, Al Jarreau, Trini Lopez, José Feliciano, Fred Bongusto, Mina, Nicoletta, Los Hermanos Castro e em centenas de outras gravações de cantores e grupos musicais de dezenas de países do mundo.

       

Quando a MPB eclodiu como movimento de união da elite musical brasileira, Eli Regina imortalizou Zazueira. É dela também uma ótima gravação de Se Segura Malandro. Jair Rodrigues gravou Papa Gira . Elza Soares, Paulinho Nogueira, Maria Creuza e Tania Maria gravaram Mas Que Nada. Na mesma época um jovem cantor chamado Wilson Simonal despontou para o êxito em todas rádios com o supersucesso País Tropical, exaltando a alegria e o prazer de ser brasileiro. Esta música acaba de ser regravada, quase trinta anos depois, por Ivan Lins.

Ainda nestes anos de grande efervescência artística, um conjunto da chamada Jovem Guarda, Os Incríveis, gravou Vendedor de Bananas, um sucesso espetacular, que veio se repetir quase vinte anos depois, numa maravilhosa interpretação de Ney Matogrosso. Erasmo Carlos, parceiro de Roberto Carlos, também compôs com Jorge, naquela época, e gravou uma composição de ambos, Menina Gata Augusta. Nascia no programa de Ronnie Von um trio chamado Os Mutantes que despontou para a fama com a música Minha Menina.

       

Aí foi Gal Costa que começou a gravar as músicas de Jorge. Que Pena, um dos principais hits de toda sua carreira, elevou-a ao primeiro time das cantoras brasileiras de todos os tempos. Também integrante deste time, Maria Bethânia gravou Mano Caetano.

Cronologicamente, um pouco depois, veio a black music. Com os Diagonais, Cassiano, Fábio, Banda Black Rio e o rei da soul music, Tim Maia, os shows e bailes, que faziam a alegria da periferia do Rio de Janeiro, tornaram-se populares em quase todo o país. E que artista foram chamar para se tornar o papa do movimento? Ele, amigo de adolescência de Tim. E assim, durante os anos seguintes, Jorge Ben Jor lotou os salões da moçada que curtia este gênero. Eram famosas as festas anuais do Chic Show, que lotavam ginásios de esportes e que obrigatoriamente tinham a sua presença.

       

Claudete Soares fez sucesso regravando Que Maravilha, que antes havia sido apresentada em disco por Jorge e Toquinho, seus autores, numa gravação antológica e inesquecível. Quem viu, não esqueceu Maria Alcina levantando o Maracanazinho com Fio Maravilha. O samba de São Paulo tornou-se mais popular quando Cadê Teresa, gravada pelos Originais do Samba, também foi um grande sucesso.

Durante os anos 80, ele desfilou seu talento para as platéias européias e asiáticas, em festivais de jazz e de world music, conquistando mercados onde, por imposição de contratantes, é obrigado a realizar pelo menos uma grande tournê anual. Moraes Moreira regravou Chove Chuva. Zé Ramalho, Eram os Deuses Astronautas e Leila Pinheiro, Por Causa de Você Menina. Outras regravações importantes foram Que Pena, com Oscar D’León e Elba Ramalho, e Zazueira com Herp Albert & Tijuana Brass.

E em meados dos anos 90 ele homenageou Tim Maia, “o síndico”, com o megasucesso WBrasil. Foi o retorno triunfal de Ben Jor às paradas de sucesso. Novos fãs, outra geração vibrou com o ritmo alucinante e dançante da Banda do Zé Pretinho, que acompanha Jorge desde o início de sua carreira.

       

Fernanda Abreu gravou Jorge de Capadócia, Sandra de Sá incluiu Charlie Anjo 45, em um de seus discos. O funk carioca ficou mais rico utilizando as composições de Jorge. Peça as opiniões de Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Jorge Aragão sobre Ben Jor. É incrível o respeito, e é mútuo. Jorge Ben Jor também nutre uma profunda admiração por estes artistas. Leci Brandão, que faz parte desta ilustre galeria de sambistas, gravou Um Poeta Amigo Meu.

Notável também é a influência que, indiscutivelmente, Ben Jor exerceu sobre dezenas de grupos de pagode. Leandro Leart convidou-o para participar do especial MTV do Art Popular e do disco que nasceu deste show. O mesmo aconteceu com o Só Pra Contrariar e Jorge teve uma importante participação num dos álbuns do conjunto mineiro, tocando e cantando. A música da Bahia também rendeu homenagens a Jorge. Carlinhos Brown é seu admirador. Daniela Mercury gravou País Tropical e Ivete Sangalo fez um dueto sensacional com ele em Por causa de Você Menina. As músicas dele sempre estão em cima dos trios elétricos.

       

A música de Pernambuco prestou sua homenagem a Ben Jor quando o conjunto Mundo Livre SA gravou uma música até então inédita chamada Mexe Mexe. O Forróçacana gravou Menina, Mulher da Pele Preta e seu sucesso no Rio de Janeiro mostrou que em Jorge Ben Jor está a fórmula para o êxito também do forró.

O rock, o pop e o reggae também usufruiram de suas criações. Os Paralamas regravaram Charlie Anjo 45, o Skank incluiu Cadê o Penalty e Cuidado com o Buldogue, em seu repertório, Lulu Santos gravou Minha Estrela do Oriente e o Cidade Negra trouxe-nos sua leitura de O Homem da Gravata Colorida. E o Sepultura gravou um de seus maiores sucessos que foi Ponta de Lança Africana (Ubabaraúma).

O pessoal do rap não é exceção: Thaíde & DJ 1 gravaram Ive Brussel e Mano Brown, fã confesso do “home”, gravou com seu grupo Racionais MCs, a música Jorge de Capadócia.

Os novos artistas brasileiros, já consagrados como Marisa Monte, que gravou Cinco Minutos, ou Ana Carolina (que em 2000 se apresentou ao lado de Jorge em Paris), Simoninha (gravou Bebete Vamos Embora), Luciana Rodrigues (Take It Easy, My Brother Charlie), Max de Castro, Pedro Mariano, Chico Cesar encantam-se quando encontram Jorge e demonstram abertamente sua admiração.

Os sertanejos Chitãozinho & Xororó, Leonardo, Zezé di Camargo & Luciano fizeram, em 1999, uma singela homenagem a Jorge, no programa Amigos, quando mostraram conhecer bastante o repertório de Ben Jor, cantando várias músicas com ele. Jorge Ben Jor não para. Na Europa suas atuais tours duram no mínimo quarenta dias cada uma. Ele apresenta-se em dezenas de shows, em quase todos os países do velho mundo.

Desde 2000 seus shows nos Estados Unidos, onde realiza regularmente apresentações, vêm conquistando uma grande parcela do público americano. Seus discos continuam sendo relançados em inúmeras coleções, em todo o mundo e agora, que ele aceitou uma das muitas ofertas que tinha para gravar, e assinou contrato com a Universal, em breve teremos um novo álbum, com músicas inéditas. A unanimidade Jorge Ben Jor é sempre bem vinda e aguardada.

domingo, 21 de setembro de 2014

Agora é bem ouvir Jorge Ben

Matéria da Revista do Rádio, de fevereiro de 1964, com o(a) repórter louco(a) para saber se o Jorge Ben era macumbeiro. Em 1963 ele tinha lançado Samba Esquema Novo e em 1964 lançou Ben é samba bom e Sacudin Ben samba.


domingo, 8 de dezembro de 2013

Documentário: The Hidden Beauty of a Walmart Store

brendan oconnell - heinz no walmart

"Vejo um poeta inspirado em Coca-Cola. Que poesia mais estranha ele iria expressar?", já perguntava Raul Seixas em Movido a Álcool. Nos EUA, um artista plástico chamado Brendan O'Connel vem pintando o dia a dia dos frequentadores da mega rede de supermercados Walmart. O tema inusitado para as pinturas chamou atenção de uma galera, que realizou um documentário sobre ele.

Nessa matéria do The Atlantic tem mais informações sobre o artista e a proposta dele. Aqui você pode ver e comprar alguns dos quadros dele. Segue um trecho da entrevista com o documentarista:

Sua própria perspectiva de fazer compras mudou desde que fez o filme?

Nos encontramos pensando "como elevar os momentos do nosso dia a dia em atos de beleza" mais frequentemente. Quando estamos em uma drogaria atrás de uma pasta de dentes, é menos uma coisa entediante e mais algo da nossa experiência diária. Se deixarmos esses momentos se tornarem mundanos, eles se perderão no caminho. Comprar pasta de dente ainda não é algo que amamos, mas não é mais algo que nos chateia. na verdade pode ser algo bacana.

Se ficou curioso, aqui está o documentário:

sábado, 30 de novembro de 2013

Cartola e Dona Zica, no pé do morro da Mangueira, em 1975

[caption id="attachment_1046" align="aligncenter" width="600"]dona Zica e Cartola, no morro da Mangueira, em 1975. Foto tirada por Antonio Carlos Miguel. Retirada daqui: http://g1.globo.com/musica/antonio-carlos-miguel/platb/2013/11/02/dentro-da-periferia/ dona Zica e Cartola, no morro da Mangueira, em 1975. Foto tirada por Antonio Carlos Miguel. Retirada daqui: http://g1.globo.com/musica/antonio-carlos-miguel/platb/2013/11/02/dentro-da-periferia/[/caption]

A Foto sensacional foi retirada daqui. Não pedi permissão ao autor, mas dei os créditos. Aqui e aqui tem dois textos meus baseados na biografia do sambista da Mangueira.

sábado, 23 de novembro de 2013

Cartas de rejeição da Marvel pro Jim Lee

Eu sigo alguns tumblrs sobre quadrinhos que volta e meia aparecem com algumas novidades e desencavam coisas bem bacanas que nós, os leitores, não vemos muito no nosso dia a dia. Dia desses o tumblr (que nego chama de tâmblr, mas eu falo tUmblr mesmo) The Marvel Age of Comics publicou uma carta de admissão do Jim Lee à editora do Homem-Aranha e três cartas de rejeição, com dicas para ele melhorar o trabalho. Bem bacana.

A história, como vocês devem saber, tem um final feliz. Aqui um pouco da história da admissão do Jim Lee no mundo dos quadrinhos. Segue uma carta de admissão do Jim Lee para a Marvel:
Jim Lee 01
"Dear Mr Potts,

Enclosed are the six pencilled pages and the layouts for the story "Double Vision." I followed my original layouts (with your revisions (no pun intended) for the most part. I also re-read the section on the continuity in the "Five C's" and corrected some of my earlier oversights (action flow, etc).

On page three, I removed the first panel because it crosse the "action axis" I had established, and because it slowed down the pace in an inappropiate spot in the plot (one of great urgency). Instead, I changed the layout to focus more on the panel in which the Vision disrupts two terrorists because of the action's dramatic quality. Futhermore, I used the elongated size of the panel to show the characters in relationship to one another spatially. I also added another thin panel (number three) to show clearly how the Vision dispatches the head terrorist.

On page four, I added one panel (number two) which I felt heightened the tension of the head terrorist's subsequent actions and showed the Vision's detachment from the old woman's plight: the Vision is definitely more concerned with subduing the terrorists.

On page five, panel one, I raised "the camera" because my original layout overlooked the fact that most of the seats on the plane were filled with passengers! Anyway, the new angle helps to place the new relative positions of all the characters and the grenade blast.

All other changes were made to correct action flow inconsistencies. Overall, I spent one day per page, spending one additional day doing re-reading and research for the story. I hope they are satisfactory; if there are any problems or if anything has to be re-drawn, I'd be more than happy to do it. I look forward to your reactions and criticisms. I found this assignment challenging and have learned a lot doing it. Take care and happy holidays.

Sincerely,
Jim Lee"


Em português (traduzido rapidamente e com alguma revisão rápida):
"Caro Sr. Potts,

Em anexo estão os seis páginas à lápis e os layouts para a história "Double Vision". Para a maior parte, segui meus layouts originais (com suas revisões (sem trocadilhos)). Eu também refiz a seção sobre a continuidade nos "Cinco Cs" e corrigi alguns dos meus descuidos anteriores (fluxo de ação, etc).

Na página três, eu removi o primeiro painel, pois cruzou os "eixos de ação" que eu havia estabelecido anteriormente porque isso abrandou o ritmo em um local inapropriado na trama (um de grande urgência). Em vez disso, mudei o layout para se concentrar mais no painel em que o Visão pega dois terroristas por causa da qualidade dramática da ação. Além disso, eu usei o grande tamanho do painel para mostrar espacialmente a relação de um personagem com outro. Eu também adicionei um outro painel fino (número três) para mostrar claramente como a Visão despacha o terrorista principal.

Na página quatro, eu adicionei um painel (número dois) que eu senti que aumentava a tensão das ações subseqüentes do terrorista líder e mostrou desprendimento da visão do sofrimento da velha senhora: o Visão está definitivamente mais preocupado em subjugar os terroristas.

Na página cinco, painel um, eu levantei "a câmera", porque o meu layout original ignorou o fato de que a maioria dos lugares no avião estavam cheios de passageiros! De qualquer forma, o novo ângulo ajudou a colocar as novas posições de todos os personagens e a explosão das granadas.

Todas as outras alterações foram feitas para corrigir inconsistências de fluxo de ação. No geral, eu demorei um dia por página, gastando um dia adicional para fazer re-leitura e pesquisa para a história. Espero que eles estejam satisfatórios; se houver algum problema ou se alguma coisa tiver que ser re-desenhada, eu ficaria mais do que feliz em refazer. Estou ansioso para suas reações e críticas. Eu achei esta tarefa desafiadora e aprendi muito fazendo isso. Se cuide e boas festas.

Atenciosamente,
Jim Lee."


Agora seguem algumas das negações dos editores:
Jim Lee 04
"Dear Mr. Lee,

Your sense of design and storytelling abilities are quite good. However, your figures tend to be stiff, and unrealistic. This is not helpe on the two pages where you have inked over your pencils. I suggest that you draw from live models, esp. for faces, hands, and proportions, and that you learn how to place figures in perspective. Also study how cloth folds and wrinkles, how metal reflects, how leather shines, etc., and then learn to translate that into your pencils. You have a lot of work ahead of you before you are ready to pencil for a company such as Marvel, but when you see some improvement, you are welcome to resubmit.

Best of luck,
Howard A. Mackie
Submissions Editor"


"Caro Sr. Lee,

Seu senso de design e sua habilidade de contar histórias são muito bons. No entanto, seus personagens tendem a ser duros e pouco realistas. Isto não ajuda nas duas páginas onde você arte-finalizou com o seu lápis. Eu sugiro que você desenhe a partir de modelos vivos, especialmente para rostos, mãos e proporções, e que você aprenda como colocar personagens em perspectiva. Também estude como panos dobram e enrugam, como metal reflete, como couro brilha, etc, e, em seguida, aprenda a traduzir isso em seus lápis. Você tem um monte de trabalho pela frente antes que você esteja pronto para desenhar para uma empresa como a Marvel. Mas quando você sentir alguma melhora, está convidado a reenviar (seu trabalho).

Boa sorte,
Howard A. Mackie
Editor de Submissões"


Jim Lee 03
"Hi there,

We looked your submission over carefully, just as we said we would, and we're very sorry to tell you that your work doesn' suit our particular standards. No one knows better than we do how much effort goes into a submission like yours, and we really appreciate your time, and most of all, your interest in the comics field.

We regret that we do not have the time to individually criticize the work submitted to us. We do know that to make progress you must work hard and be tough on yourself.

Best,
Howard Mackie
Submissions Editor"


"Olá,

Olhamos seu material com cuidado, assim como dissemos que faríamos, e sentimos muito lhe dizer que o seu trabalho não atende nossos padrões. Ninguém sabe melhor do que nós o esforço empregado em uma submissão como a sua, e nós realmente apreciamos o seu tempo, e, acima de tudo, o seu interesse na área de quadrinhos.

Lamentamos que não temos tempo para criticar individualmente o trabalho apresentado para nós. Nós sabemos que para progredir é preciso trabalhar duro e ser duro com você mesmo.

Atenciosamente,
Howard Mackie
Editor de Submissões"

Jim Lee 02
"Dear Mr. Lee,

Your work looks as if it were done by four different people. Your best pencils are on page 7, panel with agents (lower left corner), and close up of face. The rest of the pencils are of much weaker quality. the same can be said for your inking.

Resubmit when your work is consistent and when you have learned to draw hands.

Best,
Eliot R. Brown
Submssions Editor"


Em português:
"Caro Sr. Lee,

Seu trabalho parece como se tivesse sido feito por quatro pessoas diferentes. Seus melhores lápis estão na página 7, no painel com agentes (canto inferior esquerdo), e nos closes do roto. O restante dos lápis tem qualidade muito inferior. O mesmo pode ser dito para a sua arte-finalização.

Atenciosamente,
Eliot R. Brown
Editor de Submissões"


E, finalmente, uma carta de admissão:
Jim Lee 05
"Hello Jim,

Enclosed are your Alpha layouts with my notes for changes on them. Also enclosed is a shot of Omega Flight. In flashback scenes, use the original visuals the characters in questions appeared in as your guide. Cody, thought, should look as he does in his more recent appearances.

The book is due on Monday, Jan 26th, so you should Federal Express it on Saturday, Jan. 24th. Give a call if you run into any trouble.

Give Purple Girl a black leather jacket for any outdoor scenes.

That's it! Work hard!

* I might be able to squeeze a bitmore time out of (Bill) Mantlo script time for you but I have to know soon if that's the case. I don't want to get a call out (?) the 23 saying you need more time at that late date!"


Em português:
"Olá Jim,

Envio seus layouts do Alpha com minhas anotações para as mudanças necessárias. Também envio uma parte de Omega Flight. Nas cenas de flashback, use o visual dos personagens originais conforme aparecem em seu guia. Cody, porém, deve ter um visual mais recente, como ele vem aparecendo.

O livro será publicado na segunda-feira 26 de janeiro, então você deve enviar pela Federal Express até sábado, 24 de janeiro. Me ligue se tiver qualquer problema.

Dê a Purple Girl uma jaqueta de couro preto para todas as cenas ao ar livre.

É isso aí! Trabalhe duro!

* Eu poderia ser capaz de conseguir um pouco mais de tempo de (Bill) Mantlo, mas tenho que saber logo se é esse o caso. Eu não quero receber uma ligação no dia 23 dizendo que você precisa de mais tempo!"


A cara se referia a essa edição de Omega Flight. Segundo essa biografia, o Jim Lee estudava psicologia quando resolveu se envolver com desenhos em quadrinhos. Ele chegou a se formar, mas decidiu seguir pelo caminho da nona arte. Eu ouvi falar que ele era entregador de pizza nos EUA quando foi aceito para trabalhar na Marvel.

PS: Aparentemente era por aqui que ele morava na época que foi contratado.

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Além das coisas bacanas do The Marvel Age of Comics, outro tumblr bem bacana é o do Brian Michael Bendis, que volta e meia responde as perguntas dos leitores e volta e meia reblogueia coisas legais da internet afora. Pode ver algumas coisas aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

domingo, 17 de novembro de 2013

Palestra de Andrew Jennings sobre a Fifa

No final de outubro assisti uma palestra do jornalista escocês Andrew Jennings no Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, no centro da cidade, sobre o modus operandi quase mafioso da Fifa. Jennings escreveu o livro Jogo Sujo, onde destrincha um pouco os negócios escusos da federação de futebol, CBF e afins. Ele estava na cidade para a 8a Conferência Global de Jornalismo Investigativo.

Cheguei atrasado e não assisti tudo. Perdi a participação de Carlos Vainer, professor titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional/UFRJ (que falou sobre como as grandes corporações se instalam nos territórios através dos grandes eventos esportivos) e Gustavo Mehl, militante do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas (falou sobre a campanha contra a privatização do Maracanã e como a Copa do Mundo descaracterizará a torcida brasileira). Um dos pontos bacanas do debate foi quando perceberam dois funcionários da Fifa entre os ouvintes. Eles foram reconhecidos pelo próprio Andrew Jennings e, no final, rebateram algumas das acusações do jornalistas e deram a própria versão sobre o funcionamento da Fifa.

Segue o debate na íntegra, para quem quiser conferir:


Seguem algumas das coisas que rolaram na participação do Andrew Jennings que ainda me lembro.

Ele falou de como a Fifa é uma empresa privada, como se hierarquiza internamente - cerca de 50% dos funcionários sabem o que rola lá dentro e os outros 50% ignoram "as coisas erradas do lugar e só seguem com a própria vida e criam os próprios filhos" - e como alguns vão galgando as posições até chegarem ao topo do ranking da corporação. Falou sobre politicagem interna e a diretoria, composta pelos presidentes das 209 associadas, como a CBF, que mandam e desmandam em tudo.

Acima dessa diretoria está o presidente. Andrew Jennings falou como algumas das reportagens que ele fez ajudou a derrubar o Ricardo Teixeira (cliquem no Ricardo e no Teixeira para perceberem a diferença entre os artigos da Wikipedia em inglês e português), que era o mais provável substituto do Blatter. Ele falou que o nome de Teixeira não era unânime na cúpula. Acho que o Jennings deu a entender que as falcatruas do Teixeira foi soprada para ele por um dos desafetos do ex-dirigente da CBF.

O jornalista falou da vida de luxo de Blatter, que ganha, dentre outras coisas, um "ajuda de custo" de 500 euros por cada dia que passa fora da Suíça, onde fica a sede da Fifa, viajando. Essa ajuda de custo é quase um salário extra, porque Blatter viaja constantemente como forma de manter esse rendimento extra. São cerca 15 mil euros ou R$ 45 mil extras por mês. Ele falou de como a Fifa impõe uma série de investimentos aos países escolhidos para sediar uma Copa do Mundo. Investimentos pagos com o dinheiro do contribuinte daquela nação. Do ponto de vista exposto por Jennings, o modus operandi da Fifa é quase como uma Máfia, forçando governos públicos a realizarem investimentos que serão revertidos eventualmente para o lucro de uma empresa privada. Pelo que entendi, durante a palestra ele só sobrevoou alguns dos temas que abordou no livro.

Ele comentou como a Fifa consegue ultrapassar a soberania de algumas nações, como é o caso da Lei da Copa, que revogou a proibição de álcool nos estádios brasileiros de futebol. O jornalista também comentou a escolha do Catar para sediara  Copa do Mundo de 2022, o que ele considerou um erro por conta do calor registrado no País durante o verão. Hoje, a Fifa já considera mudar o calendário do campeonato para o inverno. Ele não falou nada, ou não sabia, sobre as acusações de trabalho escravo nas obras do Catar. Jennings lembrou das remoções forçadas da população de baixa renda para as obras da Copa do Mundo, como aconteceu na África do Sul, e do risco de elitização dos espectadores do torneio. Eu ia perguntar a ele a questão dos preços dos ingressos, que são mais baratos daqueles praticados na África do Sul, mas na hora não consegui ou achei pertinente perguntar outras coisas.

A platéia era toda composta de jornalistas, estudantes ou "engajados". Tinha gente com camisas do Comitê Popular da Copa do Mundo, um ex-colega de trabalho, gente com crianças e muito mais. Fiquei curioso para saber um pouco mais das tramóias da Fifa, mas também fiquei um pouco decepcionado. Pelo que Jennings falou, tudo lá rola em torno de dinheiro. Achei um pouco bobo. Fiquei curioso para saber se rolava alguma coisa a mais, se almejavam mais do que dinheiro e o que seria isso... mas comecei a viajar em forças ocultas e tudo mais e achei melhor ficar quieto. Só parece que esses caras da cúpula do futebol fazem um trabalho danado só para ganhar uma boa dinheirama. E nem é garantido conseguir essa renda toda no final. Se o negócio é só dinheiro, talvez fosse melhor se prestassem concurso para serviço público. Deve dar menos trabalho.

Andrew Jennings falou também do trabalho dele, de como é ajudado por alguns funcionários da própria Fifa preocupados com o futebol. Disse que uma dessas fontes, um fanático por futebol, não pensa em vir para o Brasil por conta dos altos preços dos hotéis e das passagens de avião, que atingirão patamares estratosféricos época da Copa. E o cara é um viciado em futebol. Tem tudo de futebol, conhece todas as estatísticas, vê os jogos mais obscuros e tudo mais. Essas fontes, além de municiar o escocês com informações internas, também divulgam alguns balanços e informações financeiras para ele.

No final, o jornalista conclamou o povo a ir protestar sem violência no pré-lançamento da Copa do Mundo, em São Paulo, há duas semanas do início oficial dos eventos. Ele disse e repetiu que não é para ninguém atuar com violência. Não é para revidar as agressões da polícia pois "a imprensa do mundo inteiro estará de olho no Brasil e ela poderá ver como é a atuação do Estado nessas manifestações". Ele também conclamou um boicote pacífico aos patrocinadores da Copa do Mundo (o McDonald's, o Itaú, etc).

[caption id="attachment_1028" align="aligncenter" width="800"]Brasília - O jornalista da British Broadcasting Corporation (BBC) de Londres, Andrew Jennings, autor do livro, Jogo Sujo - O Mundo Secreto da Fifa, durante audiência pública na Comissão de Educação do Senado, sobre as revelações feitas no livro Brasília - O jornalista da British Broadcasting Corporation (BBC) de Londres, Andrew Jennings, autor do livro, Jogo Sujo - O Mundo Secreto da Fifa, durante audiência pública na Comissão de Educação do Senado, sobre as revelações feitas no livro[/caption]

Depois disso, os dois caras da Fifa que assistiam a palestra foram à frente e falaram um pouco. Disseram que estavam com pouco tempo (a palestra atrasou em meia hora), tinham pouco tempo para "mostrar o outro lado". O trabalho deles consiste em viajar pelas cidades-sede no Brasil e falar um pouco sobre o que é o trabalho da Federação e o alcance das ações deles, para tentar acalmar os ânimos da população e reverter um pouco a imagem negativa que a Fifa possui.

Falaram que Jennings não pegou "todo o quadro" da Fifa, que a a Copa do Mundo estava custando cerca de US$ 2 bilhões (não lembro o valor certo) para a Fifa - ao que o Gustavo Mehl, do Comitê Popular da Copa gritou que era mentira, que  só o Maracanã havia custado R$ 1 bilhão.  Os membros da Federação, dois ingleses, frisaram "U$ 2 bilhões para a Fifa". Desse total, US$ 1 bilhão e poucos serão investidos no futebol de base no Brasil e parece que os US$ 1 bilhão restantes serão gastos com o próprio pessoal da Fifa durante a Copa. Não lembro direito.

Respondendo uma pergunta da plateia, disseram a Fifa esperava lucrar (acho que) US$ 4,3 bilhões com a Copa do Mundo no Brasil, o mesmo lucro que obteve na África do Sul. Disseram que o lucro obtido com a Copa do Mundo no Brasil ia ser usado para financiar outras 20 Copas do Mundo futuramente. Eu não entendi essa matemática financeira deles. Falaram também que o dinheiro arrecadado é usado para financiar os times de base das 209 associadas da Fifa. E essa é uma questão a ser acompanhada de perto tanto pelos governos, pela imprensa, pelos comitês populares e sociedade em geral.

Eles reconheceram que há corrupção nas relações entre a Fifa e os governos, o que me deixou surpreso, mas meio que jogaram a "culpa" em cima dos países interessados em sedia os torneios. "A Fifa não obriga ninguém a sediar uma Copa do Mundo". Eles disseram que se mostravam abertos a um convite do Sindicato dos Jornalistas para voltarem lá e falar um pouco sobre o ponto de vista da Fifa sobre o campeonato, ao que o Carlos Vainer começou a gritar e exigir que o Comitê Popular também fosse convidado para participar do pré-lançamento da Copa do Mundo em São Paulo. Um deles perguntou porque o Vainer estava sendo tão agressivo. Eles disseram que iam levar a demanda para os superiores deles. Depois de um tempo foram embora. Durante a fala dos caras, uma das meninas da plateia jogou uma bola de papel neles, o que foi rechaçado por todas as outras pessoas. No final, uma galera vaiou eles. Eu não peguei o nome dos caras e não acho que serão convidados para apresentar "o outro lado".

Depois abriram as perguntas para a plateia. Como de costume em todos os eventos, nego mais discursou do que fez perguntas ao principal convidado. Uma representante do grupo LGBT reclamou dos preços das passagens de avião e dos hotéis na época da Copa do Mundo. Outro falou da Aldeia Maracanã, situada no antigo Museu do Índio que virou ponto de resistência de uma galera mais engajada nas manifestações. O cara, que pra mim tinha uma cara triste, falou de como os manifestantes e os índios botaram o nome do Sérgio Cabral "na boca do sapo" e desde então a popularidade do governador caiu a números inimagináveis até pouco tempo atrás. Ele ameaçou colocar o nome do Eduardo Paes e da Dilma também na boca do sapo. Nego bateu palmas em apoio.

Quando acabou a palestra eu fui lá tentar falar com o Andrew Jennings. Se não tivessem falado que ele era escocês, daria pra adivinhar a nacionalidade dele só pelo tamanho das suíças do cara. Esperei uma senhora com uns alunos da Escola Municipal Friedenreich falar com ele. Ela agradeceu a palestra e falou do caso da escola, que não foi removida por conta das manifestações. A escola ia virar lugar de aquecimento para os atletas da Copa. Uma galera foi falar com ele depois disso.

Aproveitei uma brecha e perguntei como é que ele consegue as informações internas da Fifa. Ao que ele respondeu "que fez o que todo bom jornalista faz: construiu uma rede de contatos". Mas fiquei insatisfeito e queria que ele explicasse mais. Ele então falou que durante um evento esportivo, começou a  fazer perguntas incômodas sobre a Fifa. Foi aí então que um dos funcionários procurou ele e começou a divulgar as informações. "Eu chamei a briga para mim", disse. "Então você levantou uma bandeira para percebessem você?", perguntei. "É mais ou menos isso", concluiu. Eu queria perguntar mais coisas, mas já estava tarde e iam levar ele para comer alguma coisa. Aí agradeci e fui embora pra casa.

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O debate serviu, dentre outras coisas, pra ajudar a responder uma pergunte que eu tinha me feito há um tempo atrás. Qual é a contribuição da Fifa para o Futebol?. Eles investem em futebol de base, por exemplo (dentre outras coisas que não sei).

Mais informações:
* Transparency in Sport;
* Twitter do Andrew Jennings;

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